Ataques de hackers têm crescido em nível nacional, no Piauí não é diferente. Um caso mais recente que ganhou repercussão envolveu o vereador do município de Água Branca, Ivon Lendl Beserra Sales (MDB). Ele afirma que recebeu um link pelo WhatsApp e acessou sem saber que, ao clicar, deu permissão para invadirem seu smartphone.
“Eu recebi no dia 31 de julho uma mensagem no WhatsApp como se fosse do suporte do Facebook, com um link, falando que eu deveria colocar meu login e senha para proteger minha conta do Instagram. Ao fazer isso, o hacker invadiu minhas contas. Agora consegui recuperar tudo, inclusive minha conta no Twitter. As pessoas precisam denunciar, esses casos só crescem e o suporte das redes sociais é ruim. É tudo por e-mail e demora muito”, conta.
Ivon Sales denunciou e conseguiu recuperar contas invadidas após decisão da Justiça| Crédito: Gabriel Paulino
Ivon Sales formalizou a denúncia junto à Gerência de Polícia Especializada (GPE), que representou três medidas cautelares, sendo deferidas pelo juiz da central de inquérito na última semana. A decisão judicial inédita no Piauí levou o Instagram, Facebook e Microsoft a obedecer a polícia piauiense, que exigiu a devolução das redes sociais ao político piauiense.
O delegado Matheus Zanatta explica que nem todas as vítimas registram o crime na delegacia especializada.
“Algumas pessoas denunciam, outras não, por vergonha. Mas são crimes que têm crescido em âmbito nacional, não só aqui. É importante que haja o registro do boletim de ocorrência. Neste caso específico, os hackers fizeram uma espécie de assinatura, ou seja, o intuito era fazer uma fraude virtual para mostrar que eles são capazes de invadir as redes sociais da vítima”, considera Zanatta.
Matheus Zanatta afirma que é importante fazer o registro do boletim de ocorrência | Crédito: Gabriel Paulino
O cientista da computação, Iago Avelino Trajano, mestrando em Engenharia de Software pela Universidade Federal do Ceará, conta que é possível evitar este tipo de fraude com algumas recomendações. Todo cuidado é pouco na web. “É preciso evitar clicar em links de procedência duvidosa, especialmente dos que vêm em e-mails e sms. Evitar também acessar páginas de conteúdo dúbio. Jamais prover informações de usuário e senha para nenhuma empresa, nunca é pedido por perfis de confiança. Evitar instalar aplicações não autenticadas, fora da PlayStore ou AppleStore, por exemplo. Nunca baixar arquivos se não tiver certeza do conteúdo ou da procedência deles”, explica.
Até mesmo um simples link pode causar a maior dor de cabeça. “O usuário deve clicar apenas após confirmação de quem enviou sobre o conteúdo. Jamais clicar nos links enviados por pessoas que não sabemos quem são, ou acerca de conteúdos que possam soar duvidosos. Eu evito abrir coisas enviadas por mensagens encaminhadas, já que elas podem ter vindo de uma espiral de encaminhamento e não tem como saber a procedência”, exemplifica o cientista da computação.
É possível tentar evitar e tomar todas as medidas possíveis para não facilitar o serviço dos s. “Ainda há casos onde, devido a falhas de algoritmos de segurança, seja possível quebrar encriptação de senhas ou adquirir informações de usuários, mas hoje isso é bem mais incomum e, quando ocorre, as empresas geralmente notificam os usuários para mudarem suas senhas após corrigido o problema, como ocorreu com a Amazon/Paypal no ano passado”, lembra Iago Avelino.
Atenção aos e-mails
Muitos vírus também chegam por e-mail. “É preciso evitar abrir e-mails de procedência desconhecida, e-mails com propostas dúbias, por exemplo que falem de dinheiro ou digam que você recebeu um prêmio, ou que tem alguma dívida a quitar. E-mails que façam propostas de investimentos. Jamais fornecer nenhuma informação pessoal via e-mail, em especial para desconhecidos. Sempre marcar esse tipo de e-mail como spam para que o algoritmo aprenda a filtrar esse tipo de mensagem e elas não cheguem sequer na caixa de entrada”, acrescenta o profissional.
Os antivírus ainda são válidos, mas o melhor mesmo é o bom senso. “Toda forma de defesa é válida, então sim. Só vale ressaltar que antivírus não protege contra golpes desse tipo, é mais uma medida para evitar que suas informações sejam roubadas via arquivos maliciosos baixados pela internet, como, por exemplo, Trojans, e alguns até evitam sites duvidosos, alertando o usuário a não utilizar. Mas ainda é necessário uma boa medida de bom senso para evitar disponibilizar qualquer informação sensível via e-mail”, finaliza. (L.A.)
Reprodução
Senhas difíceis com caracteres especiais
A escolha da senha para uma rede social também faz a diferença para evitar um possível ataque. “Usar uma senha difícil, com caracteres especiais, ajuda. Além de não compartilhar a senha com ninguém, é claro”, conta o analista de sistemas Gledson Reis.
Mas não adianta ter uma senha excelente sem algumas precauções. “Desconfie de qualquer anúncio que ofereça algo de forma gratuita. Procure pesquisar nos sites de busca sobre o link enviado e se existe algum comentário a respeito. Não clicar em links enviados por pessoas que você não conhece, links estranhos de sites desconhecidos. Pergunte sempre para quem enviou, qual o intuito do link”, acrescenta o analista de sistemas, Denilson Silva.
Outra dica é não relacionar sua senha com assuntos pessoais que muita gente conheça. “Nunca relacione senhas a pessoas ou animais de estimação. Nas dicas de senha, ou lembrete, sempre escrever algo que seja uma dica que só você entenda. Além disso, nunca divulgar dados pessoais ou senhas na internet”, aponta Gledson.
Além do antivírus, muito cuidado com a instalação de softwares. “O usuário precisa ter disciplina, ler atentamente todos os termos que implicam a instalação de um novo software, instalar softwares obtidos através de sites confiáveis ou responsáveis pela produção deste software”, finaliza Denilson. (L.A.)