Nesta quarta-feira (28), o Papa Francisco condenou veementemente o tratamento reservado aos migrantes que cruzam o Mar Mediterrâneo em direção à Europa, afirmando que é um “pecado grave” não prestar ajuda aos navios com imigrantes.
“Há quem trabalhe sistematicamente e com todos os meios para rejeitar os imigrantes”, disse o pontífice durante a sua audiência geral semanal na Praça de São Pedro. “E isso, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave”, disse ele.
Durante seus 11 anos de papado, o Papa Francisco tem frequentemente abordado o tratamento dos migrantes. No entanto, suas declarações desta quarta-feira, ao utilizar a terminologia católica para descrever um dos piores tipos de pecado, foram particularmente incisivas.
MILHARES DE MIGRANTES DESAPARECERAM
Os migrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo em embarcações precárias, oriundos do Norte da África e do Oriente Médio, têm sido um tema de intenso debate na Europa ao longo da última década. A Organização Internacional para as Migrações estima que mais de 30 mil migrantes que tentavam atravessar o Mediterrâneo desapareceram desde 2014.
Na Itália, um navio de resgate operado pela organização de caridade Médicos Sem Fronteiras recebeu uma ordem de detenção de 60 dias na segunda-feira. As autoridades alegaram que a embarcação, que realizou várias operações de resgate em 23 de agosto, não conseguiu comunicar de forma adequada seus movimentos.
PAPA PEDE EXPANSÃO DAS ROTAS
Os Médicos Sem Fronteiras refutaram essas alegações, afirmando em comunicado: “Fomos sancionados por simplesmente cumprir nosso dever legal de salvar vidas.” Nesta quarta-feira, o Papa Francisco pediu a expansão das rotas de acesso para migrantes e a criação de uma “governança global da migração baseada na justiça, fraternidade e solidariedade”. Ele ressaltou que o problema não seria resolvido com a “militarização das fronteiras”.
Nas últimas semanas, o papa tem abordado questões espirituais católicas em suas audiências semanais. No início dos comentários desta quarta-feira, ele mencionou que adiaria a série de reflexões desta semana para considerar “as pessoas que atravessam mares e desertos em busca de um lugar onde possam viver em paz e segurança.”