O Conselho Regional de Medicina do Piauí – CRM-PI e a Associação Médica Brasileira Secção Piauí – AMB – PI estiveram no final de semana no extremo Sul do Piauí e constataram que no município de Redenção do Gurguéia, distante 528 km de Teresina, onde o prefeito esteve recentemente preso, por suspeita de corrupção, apresenta sistema de saúde extremamente precário. O CRM-PI e AMB fizeram vistoria nesta sexta (26/08) onde foram constatadas graves irregularidades.
A primeira irregularidade foi constatada logo na fachada, na qual o estabelecimento de saúde consta como Hospital de Pequeno Porte , quando na verdade nem unidade básica de Saúde deveria ser, devido à ausência de fichas de atendimento, ausência de farmácia, ausência dos procedimentos básicos a serem realizados, vacinas, curativos, sala de inalação, equipamentos de reanimação cardiopulmonar, entre outros.
No local, há somente um profissional médico que presta o atendimento durante a sexta-feira à tarde e há relatos de que, às vezes, o profissional não aparece nesse dia da semana. Não há responsável técnico, o que é obrigatório pelas normas de Saúde, não consta escala médica e, portanto, o CRM-PI irá encaminhar aos responsáveis pela saúde de Redenção do Gurguéia documento de Indicativo de Interdição Ética. O prazo para que as melhorias sejam providenciadas é de 30 dias. Caso a Secretaria Municipal de Saúde do município não cumpra as exigências imediatas que serão constadas em relatório do CRM-PI, a unidade de saúde será interditada eticamente, ou seja, os profissionais médicos não poderão atuar no local.
Redenção do Gurguéia conta com uma população de aproximadamente nove mil habitantes e o que foi observado é que os dois estabelecimentos de saúde visitados – o hospital e a Unidade Básica de Saúde (UBS) não oferecem as mínimas condições de prestar um atendimento digno de saúde para a população. Por outro lado, em Monte Alegre, município vizinho, distante 18 km de Redenção do Gurguéia, com aproximadamente cinco mil habitantes, houve uma surpresa agradável da fiscalização. Foi vistoriada a Unidade Mista de Saúde Anfrísio Neto Lobão Castelo branco, onde foi evidenciado constar de todos os requisitos para prestar um bom atendimento, tais como: quatro médicos plantonistas todos os dias da semana, diurno e noturno, estrutura física adequada, enfermarias e consultórios, centro cirúrgico, sala de parto e pós parto com boa estrutura e climatizadas, serviço de fisioterapia, de ultrassonografia, eletrocardiograma, centro cirúrgico, sala de pré parto e parto funcionando, cozinha, lavanderia, equipamentos de RCP, com exceção de desfibrilador e cardioscópio, os quais o CRM-PI já notificou a unidade para que faça a aquisição em curto prazo.
Também foram fiscalizados os municípios de Giubués e de Corrente, este a cerca de 830 km de Teresina. Em Giubués, a fiscalização registrou que há apenas um posto de atendimento básico e os casos mais complexos são encaminhados para outros municípios, especialmente para Monte Alegre, onde o hospital encontra-se sobrecarregado decorrente da má gestão administrativa da cidade vizinha e também de Redenção do Gurguéia. Em Corrente, o hospital João Pacheco Cavalcante, que deixou de ser regional e passou a ser estadual, conta com boa estrutura, o grande problema é a falta de ambulância de porte avançado na cidade para fazer o deslocamento de pacientes graves, uma vez que o hospital não conta com estrutura de UTI para atender esses casos e também a falta de trombolíticos, que são drogas utilizadas em pacientes infartados.
Segundo o presidente do CRM-PI, que participou das fiscalizações, Emmanuel Fontes, “apesar de Monte Alegre ter um fundo de participação menor, portanto menos verbas, observa-se que quando os recursos públicos são bem geridos o grande beneficiário é a população, que desfruta de bons serviços de saúde. No entanto, em municípios como Redenção do Gurguéia e Giubués a falta de resolubilidade na saúde pública nos levam a tomar medidas mais enérgicas que venham a melhorar a saúde, assim como conseguimos que ocorresse em Parnaíba e até em Picos, onde a situação já foi muito pior do que hoje”, explicou.