A sessão plenária do Conselho Regional de Medicina do Piauí - CRM-PI decidiu, por unanimidade de seus conselheiros presentes, pelo indicativo de interdição ética do trabalho médico, em caráter parcial, no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde - HEDA, o maior da região de Parnaíba, no litoral do Piauí. A justificativa para a notificação são os vários problemas encontrados pelo setor de fiscalização do CRM-PI naquele hospital, em vistoria realizada no último dia 06 de fevereiro, e visando a preservação da dignidade do atendimento à população e a segurança do ato médico. A notificação de interdição envolve o laboratório, sala de recuperação pós-anestésica e providências para o funcionamento devido de equipamentos de intercorrências.
Nesta quarta-feira (25), a notificação foi encaminhada para o conhecimento do diretor técnico do HEDA, médico Samuel Abreu. O CRM-PI firmou prazo de 30 dias a contar do recebimento da notificação, portanto, nesta quinta-feira (26), para que o hospital tome as devidas providências das irregularidades apontadas no relatório de fiscalização, com o objetivo de se adequar o estabelecimento de saúde às condições mínimas necessárias para a prestação da boa medicina à comunidade e segurança para a prática do ato médico.
Entre as irregularidades apontadas, o presidente do CRM-PI, Dr. Emmanuel Fontes, e o coordenador do departamento de fiscalização, Dr. Paulo Matheus Nunes, informam que no laboratório do HEDA deve haver o funcionamento durante 24 horas, dispondo de serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e hemogasometria; na sala de recuperação pós-anestésica, deve estar equipada conforme a Resolução CFM n° 1.082/2006 e seus anexos; e com relação aos equipamentos para intercorrências, faz-se necessário estarem disponibilizados em cada setor do hospital, sendo, no mínimo, um conjunto para Setor de Urgência, um para enfermarias, um para o centro cirúrgico e sala de recuperação pós-anestésica, um para a UTI adulto e um para UTI neonatal.
Problemas - No setor de urgência, os conselheiros constataram presença de pacientes nos corredores, falta de respirador e falta de exames essenciais, como gasometria, que serve para medir o nível de oxigênio e outros gases no sangue; foi constatada falta de enzimas que possam detectar o infarto do miocárdio. Esses mesmos exames cruciais também não se consegue realizar no setor da UTI, inviabilizando a sua principal função. O centro cirúrgico conta com apenas uma sala com monitor funcionando plenamente, não podendo de resto se acompanhar os sinais vitais de pacientes. O hospital também não conta com aparelho de radioscopia, para realizar boa parte de cirurgias ortopédicas e neurológicas, não podendo também o médico ortopedista avaliar a situação do paciente no pós-operatório.O CRM-PI pode fazer interdição ética quando não estão asseguradas a dignidade e a preservação do bom atendimento de saúde e a segurança do ato médico, conforme o § 3º, do art. 1º, da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.062/2013.