Nem mesmo a desaceleração da economia mundial afetou a expansão no seu cenário de geração de emprego e renda em Teresina. Em um mundo cada vez mais globalizado, é preciso que as pessoas busquem se qualificar ainda mais para adquirir novos conhecimentos e aumentar a renda.
Os cursos de qualificação são alternativa para fugir da crise e como a esperança é a última que morre, os desempregados seguem investindo no conhecimento para se manterem ativos no mercado de trabalho.
Muitos especialistas afirmam que a escolha por cursos profissionalizantes pode ser a saída mais eficaz para quem busca se recolocar no mercado de trabalho. Mas é preciso avaliar se o curso é o que o mercado está procurando e se há urgência da especialidade para as empresas.
O professor de operador de telemarketing de Call Center, da Fundação Wall Ferraz (FWF), Gilberto Júnior, afirma que apesar de ser grande o número de jovens que procuram pelo curso, a demanda de pessoas acima dos 30 e 40 anos também é crescente.
“A área de call center, por exemplo, é um setor que não busca a imagem e idade, pois trabalha mais a questão da voz. Então, o mercado está aberto para essas pessoas e quem se qualifica tem uma chance maior para esse ramo”, destaca. Segundo ele, as empresas que migram para Teresina estão empregando até 5 mil pessoas.
Ele aconselha que o adequado é escolher pela área de interesse e gosto pessoal, contudo é preciso alinhar a carência do mercado e até mesmo seguir por um caminho alternativo visando uma contratação mais rápida.
Mulheres procuram mais por qualificação
Dados da Fundação Wall Ferraz apontam que o primeiro semestre de 2015 foram concluídas 47 turmas com 857 pessoas beneficiadas sendo, em sua grande maioria, formada por mulheres.
Aldemira Rodrigues tem 35 anos e se encaixa no perfil de quem está sempre em busca de aprimoramento. Mesmo com os certificados dos cursos de operadora de caixa e técnica em desenvolvimento infantil, ela não cansa de se qualificar e buscar novas oportunidades. Agora, ela está concluindo o curso de call center para estar apta a trabalhar em uma dessas áreas no mercado local.
“O mercado é muito competitivo e cobra muito do profissional, por isso, nós temos que estar preparados para conseguir entrar nessa competição e sairmos vitoriosos”, avaliou. Aldemira Rodrigues faz o curso da da Fundação Wall Ferraz, no Centro de Produção do bairro Itaperu, na zona Norte de Teresina.
Isabel da Silva, 22 anos, concluiu os estudos regulares e sentiu a necessidade de se capacitar para conseguir um emprego com carteira assinada. “Eu já tinha feito um curso de informática e auxiliar administrativo, agora estou concluindo curso de call center e quero fazer novos cursos para estar sempre renovando meus conhecimentos, pois as pessoas têm que atualizar e capacitar para as oportunidades que possam aparecer”, ponderou.
Fundação capacita e qualifica cidadãos
Há 18 anos, a Fundação Wall Ferraz tem como missão capacitar e qualificar profissionalmente os cidadãos teresinenses, com vistas a inseri-los no mercado de trabalho, favorecendo a inclusão social e a geração de emprego e renda local.
A FWF desenvolve suas ações em 14 Centros de Capacitação próprios, nos mais diversos bairros de Teresina, oferecendo atualmente 86 modalidades de cursos distribuídos nas seguintes áreas: Mecânica, Eletroeletrônica, Confecção Têxtil, Serviços Pessoais, Alimentos, Artesanato, Gestão e Construção Civil. Além dos cursos oferecidos nos Centros de Capacitação, a Fundação Wall Ferraz realiza também outros cursos em parceria com Associação de Moradores, Conselhos Comunitários, Grupo de Mães, Igrejas, dentre outros.
A entidade firmou convênios com os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Trabalho e sempre busca por inovação para desenvolver seus cursos de acordo com as exigências do mercado de trabalho impulsionado pelas transformações da sociedade e fica localizada na Rua Coelho Rodrigues, no centro de Teresina e atende pelo telefone: (86) 3221-6141.
Cursos ajudam a montar o próprio negócio
O professor Gilberto Júnior lembra que cursos profissionalizantes são, na maioria, gratuitos, têm curta duração e se fazem importantes porque dão uma competência necessária para desempenhar uma função dentro das empresas. Após formado, o profissional tem condições de suprir a falta de mão de obra dentro da empresa ou, ainda, montar seu próprio negócio.
“Atualmente, as pessoas têm a consciência de que é necessário se qualificar e qualificação nunca é demais. Temos sempre que buscar novos conhecimentos para levar a todas as nossas experiências tanto pessoais, quanto profissionais”, disse.
Esse é o caso de Alecsandra Josias da Costa, de 35 anos, que terminou o curso profissionalizante em panificação há pouco mais de um mês. Além de já sair trabalhando, ela se prepara para montar sua própria panificadora.
“Quando terminei o curso já comecei a trabalhar, passei a fazer pães e doces e vendia. Isso ajudou na minha renda, pois sou mãe solteira, tenho três filhos para criar e por isso sempre procuro me qualificar. Além de ajudar no conhecimento, nos ajuda a ter uma renda melhor”, afirma.
Sua casa, no Bairro Nova Brasília, na zona Norte de Teresina, em breve dará lugar a uma minipanificadora e doceria. Ela acrescenta que já está fazendo outro curso, desta vez de confeitaria, no Senac, para complementar seu conhecimento na sua área de atuação.
Raquel Mendes, 34 anos, que abandonou a área da beleza e se formou no mesmo curso de Alecsandra, destacou a importância de se ter uma especialização. Ela se considera um pouco a frente de quem quer desenvolver alguma atividade. “No setor de culinária que cresce muito aqui em Teresina, é fundamental você ter qualificação para preparar, manipular e comercializar os produtos. Isso vai diferenciar a qualidade do serviço oferecido”, considerou.
Call center é uma das áreas mais procuradas
Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Semdec), a política de incentivo de geração de emprego e renda da Prefeitura de Teresina criou 8.617 empregos celetistas para o acumulado de janeiro a dezembro de 2014, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. Desse total, o setor de call center foi o responsável pelo saldo de 5.291 postos de trabalho.
Para atender a demanda de qualificação desses profissionais, a Fundação Wall Ferraz oferta cursos para a área. Um dos mais procurados é o de operador de Call Center. Aos 18 anos, Francisco das Chagas Oliveira, que acabou de concluir o ensino médio tem o sonho de se tornar um engenheiro agrônomo, mas enquanto se prepara para prestar vestibular, aproveitou para se qualificar na área para começar sua vida profissional e ainda conciliar com os estudos.
“Eu percebi que a pessoa, desde cedo, precisa buscar uma capacitação e já que eu tive essa oportunidade resolvi aproveitar para começar a trabalhar. E como a carga horária de trabalho de um operador são 6 horas por dia, me possibilita estudar nos outros horários. Essa é uma área que cresce e vai precisar de profissionais capacitados”, afirmou o estudante que se desloca todos os dias da Santa Maria da Codipi até o Itaperu para assistir as aulas.