David Uip sobre Covid: “Estava indo dormir sem saber como ia acordar”

Infectologista que ficou em isolamento domiciliar por 14 dias retornou às atividades presenciais nesta segunda (6). Ele disse que ficou mais humilde após a doença.

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O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, agradeceu por estar vivo após ter sido infectado pela Covid-19 e disse que passou "muito mal" enquanto estava doente. Ele ficou em isolamento domiciliar durante 14 dias e retornou às atividades presenciais nesta segunda-feira (6) no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo. Durante o isolamento, ele participou de reuniões virtuais com especialistas que combatem a doença no estado.

“Eu agradeço a Deus por estar aqui vivo, segundo a minha família, especialmente a Tereza, meus filhos, netos e genro pela solidariedade. O senhor [Doria] que não deixou de me ligar um dia, não para me pedir coisas, mas saber como o amigo estava”, disse em agradecimento.

Uip, de 67 anos, contou que há dois domingos passou muito mal e no dia seguinte o mal estar permaneceu. "A semana que se seguiu foi de extremo sofrimento e, na semana seguinte, há uma semana, voltei a fazer o exame e a tomografia, e nesta tomografia apareceu a pneumonia. Então, esse sentimento de você se ver como médico, infectologista com uma pneumonia sabendo que, muito provavelmente, entre o sétimo e décimo dia ia complicar, eu quero dizer pra vocês que foi um sentimento muito angustiante, você ir dormir sem saber como ia acordar. Felizmente, Deus me ajudou e eu venci a quarentena", declarou.

O infectologista disse pela própria experiência que não e fácil ficar isolado. "É de extremo sofrimento, mas absolutamente fundamental."

David Uip disse que teve que se reinventar. "Eu tive que criar um David novo, seguramente, mais humilde e sabendo os limites da vida."

Ele ressaltou que a contaminação pela Covid-19 não é brincadeira e que é um grande sofrimento. “É o testemunho de quem já esteve com a doença, não é brincadeira. Então, por favor, aqueles que estão subestimando, achando que não é nada ou que é pouco, eu desejo ardentemente que não adoeçam. É um sofrimento muito grande.”

 Fracisco Cepeda / Estadão 

Quarentena

O governador também anunciou na tarde desta segunda-feira (6) a prorrogação da quarentena até o dia 22 de abril. A decisão foi tomada após reunião com infectologistas e demais profissionais da área técnica para definir novas medidas de combate ao coronavírus.

A determinação seguirá como a anterior, com o fechamento do comércio e mantendo apenas os serviços essenciais, como nas áreas de Saúde e Segurança.

Doria fez apelo aos empresários para não demitir os funcionários nesse período de quarentena. “Parte de um sentimento de um bom empresário é seu reconhecimento social, seu reconhecimento humano”, disse.

"Não pauto minhas ações por populismo, pauto pela verdade e pela ciência", disse sobre acusações políticas das medidas de restrição tomadas no estado.

Dimas Covas, coordenador da Central de Testes do Coronavírus e diretor do Instituto Butantan voltou a falar da necessidade do isolamento social. “É a única medida que temos no momento para contribuir para a diminuição da taxa de contaminação.”

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou neste domingo (5) que o estado chegou a 275 mortes relacionadas ao coronavírus. São 15 óbitos a mais que o registrado no boletim divulgado neste sábado (4).

A alta no número de mortes foi de 6% nas últimas 24 horas. Em uma semana, a secretaria contabiliza aumento de 180% no número de mortes pela doença, em comparação com o balanço do domingo (29), quando o número de vítimas chegava a 98 pessoas.

Devem seguir funcionando durante a quarentena: 

  • Hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas;
  • Transporte público;
  • Transportadoras e armazéns;
  • Empresas de telemarketing;
  • Petshops;
  • Deliverys;
  • Supermercados, mercados e padarias;
  • Limpeza pública;
  • Postos de combustível.

Deverão seguir fechados: 

  • Bares;
  • Restaurantes;
  • Cafés;
  • Casas noturnas;
  • Shopping centers e galerias;
  • Academias e centros de ginástica;
  • Espaços para festas, casamentos, shows e eventos;
  • Escolas públicas ou privadas.

*Bares, cafés e restaurantes podem manter o funcionamento em sistema de delivery e/ou drive thru.

Os hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas, públicas ou privadas, devem seguir com o funcionamento normal.

As transportadoras, armazéns, serviços de transporte público, serviços de call center, petshops, bancas de jornais, táxis e aplicativos de transporte continuam funcionando com as orientações dos sanitaristas.

Os serviços de Segurança Pública, tanto estadual, quanto municipais, continuam funcionando normalmente. Os bancos e lotéricas também continuam abertos. As indústrias devem continuam operando, já que não têm atendimento ao público em geral.

Já os bares e restaurantes devem fechar e só poderão atender por delivery. A medida também afeta as padarias de todo o estado que trabalham com refeições.

Mortes

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, das 275 vítimas do coronavírus no estado, 157 são homens e 118 mulheres. Do total, 236 tinham idade igual ou superior 60 anos e as demais incluem pessoas com menos de 60, mas com alguma comorbidade.

Os casos confirmados da doença no estado chegaram a 4.620 pessoas infectadas, 154 a mais que o registrado no sábado (4), quando os infectados chegavam a 4.466 pessoas. Alta de 4% em relação ao dia anterior.

Nos cálculos da secretaria, desde 29 de março o número de pacientes confirmados com o coronavírus em São Paulo cresceu 318%, saltando de 1.451 casos para 4.620 e alcançando o dobro de municípios na última semana. Atualmente, 99 cidades paulista registram casos confirmados da infecção.

O boletim do Ministério da Saúde afirma que São Paulo concentra 77% das hospitalizações por problemas respiratórios com confirmação para COVID-19 em todo País. São 1.724 internações registradas até este domingo (5).

Em todo o País, o número de mortos pela Covid-19 chegou a 486 pessoas, totalizando 11.130 casos confirmados, segundo o boletim diário do Ministério da Saúde.Tire dúvidas sobre o coronavírus; G1 responde a 42 perguntas

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Vacinação em SP

Mais de 4,8 milhões de pessoas já foram vacinadas contra a gripe em todo o estado de São Paulo. A campanha começou no dia 23 de março e registra recorde de imunização, vacinando ainda 84% dos idosos.

Os dados foram contabilizados até esta quinta-feira (2). Por dia, quase 600 mil pessoas foram imunizadas, três vezes mais que a procura inicial de idosos e profissionais de saúde no ano passado

Entre os dias 23 de março a 2 de abril, foram aplicadas doses em 760,6 mil trabalhadores de saúde (56%) e 4 milhões de idosos (84%). Coberturas vacinais similares só foram alcançadas entre esses dois grupos após um mês das etapas destinadas a eles, no ano passado.

Neste ano, idosos e trabalhadores entraram na primeira etapa de imunização para intensificar a prevenção de doenças respiratórias, no contexto de enfrentamento ao novo Coronavírus.

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