A mulher que teve um braço, uma mão e um pé decepados a facão pelo marido, no Paranoá, no Distrito Federal, tem chance de recuperar até 80% dos movimentos, segundo o cirurgião de mão e microcirurgião Paulo Sergio Mendes de Queiroz, que fez parte da equipe que trabalhou na reimplantação dos membros. A vítima permanece internada no Hospital de Base de Brasília e deve se submeter a novas cirurgias em duas semanas.
?Ela vai ter um pouco de dificuldade nos pés, mas se seguir toda a recuperação, fisioterapia, ela vai recuperar de 70% a 80% dos movimentos e da sensibilidade?, afirma Queiroz.
Segundo o médico, em cerca de dois meses a paciente já vai começar a ter movimentos. O tratamento tem duração prevista de um ano.
As mãos da mulher estão sendo aquecidas para evitar trombose. Ela recebe medicação e curativos duas vezes por dia. Queiroz afirma que a mulher tem hoje de 30% a 40% de chance de ter rejeição.
?A dificuldade maior é fazer a ligação dos vasos. A gente fez uma vez, deu problema. A gente fez de novo e deu certo. Em cerca de 10, 20 dias vamos começar a ligar os tendões, primeiro da mão esquerda.?
A mulher teve o antebraço esquerdo, a mão direita e a perna esquerda cortados pelo marido a facão, após um discussão na última segunda-feira (11). O agressor fugiu logo após o crime. Até as 13h desta quinta-feira (14) ele ainda encontrava-se foragido, segundo o delegado-chefe da 6ª DP, Miguel Lucena.
A polícia informou que os desentendimentos entre o casal eram frequentes. "Eles tinham histórico de brigas, de discussões, mas nunca desse modo. Ele tem histórico de bebida e de consumo de droga, de crack", diz.
A mulher foi socorrida e levada ao Hospital Regional do Paranoá e depois para o Hospital de Base. Três equipes médicas, com um total de doze profissionais, atuaram ao mesmo tempo para reimplantar os membros da vítima. Os procedimentos foram realizados cerca de duas horas após o crime.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, entre 3 e 4 pacientes que sofreram amputações totais ou parciais de membros são atendidos por equipes de reimplantes do Hospital de Base. "Esse ano tivemos dois casos mais graves em que os pacientes perderam todo o membro [as mãos] e conseguimos reimplantá-las", diz o médico Paulo Sergio Queiroz.