Descarte incorreto do lixo traz riscos ambientais e à saúde da população

Panorama Lixo Legal, do MPF, apontou que 126 municípios do Piauí afirmaram não possuir licença ambiental para disposição final dos resíduos sólidos.

No Piauí, 126 municípios afirmaram não possuir licença ambiente | Maira Heinen
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Celebrado no último dia 05 de junho, o Dia do Meio Ambiente propôs uma reflexão durante esse mês sobre ações sustentáveis, direcionadas à preservação, mas também à conscientização da população e dos gestores públicos e privados. Atualmente, uma das grandes ameaças condiz com a destinação incorreta dos resíduos sólidos, problemática que afeta diretamente tanto o meio ambiente quanto a saúde pública

Para ter ideia da problemática, o panorama final do projeto ‘Lixo Legal’ do Ministério Público Federal (MPF), apresentado no ano passado, indica que 126 municípios do Piauí afirmaram não possuir licença ambiental para disposição final dos resíduos sólidos. O índice representa 56% do total de entes do Estado.

No Piauí, 126 municípios afirmaram não possuir licença ambiente (Foto: Maira Heinen)

O documento evidenciou o resultado do levantamento de informações junto aos órgãos públicos concedentes de recursos federais, órgãos ambientais e municípios piauienses sobre a atual situação do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos no estado do Piauí. Os dados apresentados mostram que pelo menos 80 municípios piauienses não possuem Plano Municipal de Saneamento Básica, e 79 declararam não possuir Plano de Resíduos Sólidos. O índice pode ser maior, haja vista que 76 Prefeituras não responderam ao questionamento.

Coordenador de Engenharia, Segurança e Meio Ambiente do Grupo Sterlix/Raiz, Rafael Marques, relata os riscos inerentes ao descarte incorreto do lixo, pontuando a relevância do cumprimento dos parâmetros da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para uma proteção mais efetiva do meio ambiente. "Os danos dessa prática são incalculáveis, dentre os principais estão a contaminação do solo, a poluição do ar e os riscos à saúde pública. O descarte inadequado de lixo também leva à formação de ilhas de lixo nos rios, prejudicando a sobrevivência da fauna e flora de diversas regiões", explica. 

De acordo com Rafael Marques, os efeitos podem ser sentidos por muito tempo, visto que alguns materiais, como o plástico, demoram centenas de anos para se decompor. Outro problema causado pelo descarte de lixo nos rios é a proliferação de insetos vetores de doenças, como o Aedes aegypti, que causa a dengue, a zica e a chikungunya. "Isso ocorre devido ao acúmulo de água parada no lixo, formando o criadouro ideal para esse mosquito", pontua. 

Para ele, o Piauí ainda tem um grande desafio na área, reiterando a importância da colaboração de todos para um mundo mais sustentável e atento às próximas gerações. 

"O Piauí tem um grande desafio em realizar a destinação final, em muitos municípios ainda encontramos lixões, o que já é proibido pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, então a própria empresa trabalhamos com aterros sanitários, e inclusive ainda temos uma certa dificuldade em encontrar aterros licenciados, porque a maioria dos municípios ainda usam lixões, aqueles lixões ao céu aberto que causam muitos problemas para o Meio Ambiente e Saúde Pública, por exemplo, contaminam o lençol freático, disseminam doenças", concluiu.

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