A Avenida Marechal Castelo Branco, em Teresina, voltou a ser palco do tradicional desfile cívico, nesta quarta-feira (7). Neste ano, o evento celebra os 200 anos da Independência do Brasil. Segundo a Polícia Militar do Piauí, cerca de 40 mil pessoas compareceram ao movimento.
Em razão da pandemia da Covid-19, o desfile estava suspenso na capital há dois anos. O evento contou com a presença de autoridades do poder municipal e estadual e foi marcado por protestos dos profissionais da enfermagem e atos de representantes do Grito dos Excluídos.
A governadora Regina Sousa abriu o desfile cívico-militar, que inciou às 8h com a hasteamento das bandeiras do Brasil, Piauí e Teresina ao som do Hino Nacional. Em sua fala, Sousa destacou a importância da preservação da história do Brasil.
“Foram dois anos sem comemoração e estamos voltando em um momento muito especial que marca os 200 anos da Independência. É uma história que tem que ser contada para as gerações mais novas que não acompanham a história como, de fato, ela foi. Particularmente, nos meus livros, não tinha a Batalha do Jenipapo, mas depois se descobre que teve a batalha e que sangue foi derramado para que o Brasil fosse do tamanho que é hoje”, disse.
Como parte das mobilizações nacionais do Grito dos Excluídos, que traz como lema "200 anos de (in)dependência para quem?", manifestantes também protestaram nas vias paralelas ao desfile. Organizado em todo o país por diversas entidades e movimentos sociais a partir da iniciativa das pastorais sociais, neste ano as ações questionam as comemorações oficiais do Bicentenário da Independência.
“A mensagem do Grito deste ano é o questionamento ‘200 anos de independência para quem?’, essa é a realidade de 33 milhões de pessoas passando fome com uma brutal retirada de direitos de trabalhadores e trabalhadoras, além da aprofundada miséria do país com mais de 50 milhões abaixo da linha de pobreza. É preciso perguntar para onde a nação vai e se ela suporta toda essa miséria e repressão”, disse Hildebrando Pires, da coordenação regional do Fórum de Pastorais Sociais (CNBB).
O desfile reuniu cerca de 40 instituições de ensino e forças policiais. Entre as principais temáticas homenageadas pelas escolas e entidantes participantes estavam a exaltação da cultura popular do Piauí, Copa do Mundo, Batalha do Jenipapo, Revolta da Chibata, além de homenagens às vítimas da Covid-19 e referência à atuação da ciência no enfrentamento da pandemia.
Também desfilam as tropas militares do Exército Brasileiro, Batalhão da Polícia de Choque, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Guarda Municipal de Teresina. Genilson Santos, músico à frente da tradicional banda 16 de Agosto, expressou felicidade pela volta da celebração. “Muito importante participar de um ato em homenagem à liberdade do nosso país, orgulho de ser brasileiro”, contou.
O advogado Leonardo Abreu reuniu os três filhos no evento. Para ele, o 7 de Setembro é um momento de lembrar e ensinar os mais novos sobre os valores cívicos. “É a quinta vez que participo com meus filhos para mostrar que nós lutamos muito para usufruir a liberdade que nós temos hoje. É o nosso dever não esquecer e ensinar sobre a história da Independência do Brasil”, disse.
Às 7h45, a banda Origem, do Renascença II, que começou a tocar os instrumentos de percussão e deu início à marcha. Ao final do desfile, que encerrou sob a Ponte Estaiada, o Clube do Fusca de Teresina fechou o grupamento das viaturas.
Mais de 50 policiais militares trabalharam somente na segurança do desfile, com mais de 20 viaturas e 20 motocicletas no entorno da Avenida Marechal Castelo Branco. A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) e o Batalhão de Policiamento de Trânsito (Bptran) orientaram os condutores na busca por vias alternativas.
Transformistas comandam pelotões em desfile em Teresina
Pela primeira vez no desfile cívico de 7 de Setembro em Teresina, duas transformistas comandaram pelotões de escolas no evento que acontece na Avenida Marechal Castelo Branco.
Andressa Garcia e Kemily Corcê conduziram dois grupos de alunos da escola Ceti Didacio Silva. O professor de arte e cultura Leire Oliveira coordenou os pelotões. Segundo ele, essa foi uma forma de homenagear a educação e celebrar a diversidade. “São dois meninos que assumem a figura transformista. Na escola, a gente vê as diferenças como forma de educar, mostrar que não existe um ‘normal’ e que somos seres que podem aceitar os outros”, falou.
O transformismo é uma expressão de gênero ambígua habitualmente assumida por homens em atuações de espetáculos. A expressão é parecida com o travestilidade, com a diferença que o transformista apenas se transforma em contexto de arte e a travesti assume a postura travestida como modelo permanente.
7 de setembro: Teresina celebra a data com desfile cívico