?O deslizamento de terra que aconteceu há seis anos, obstruindo o sangradouro, com certeza, foi um fator determinante para que a tragédia de Algodões I tivesse acontecido?, afirmou Norbelino Lira, presidente da comissão que foi instituída em decreto assinado pelo governador Wellington Dias, para investigar as causas do incidente ocorrido na barragem Algodões I, na cidade de Cocal, localizada a 268 Km ao Norte de Teresina.
A barragem Algodões I foi construída há cerca de 10 anos e, pela primeira vez, recebeu um volume de água tão grande. Na semana passada, após ameaças de rompimento, o que era temido por milhares de pessoas, aconteceu: uma fissura de cerca de 50 metros de largura causou uma verdadeira catástrofe, que deixou sete vítimas fatais (número atualizado na segunda-feira, dia 1º), além de dezenas de desaparecidos e uma verdadeira devastação nas cidades de Cocal e de Buriti dos Lopes.
As águas atingiram uma área em torno de 5.000 Km², com ondas que atingiram mais de 10 metros de altura e uma velocidade de mais de 100 Km/h. As imagens veiculadas pela imprensa confirmam que a "Tragégia Algodões I" já se tornou a maior deste ano, em todo o país. Mais de 3.000 famílias ficaram desabrigadas e os trabalhos de atendimento à população acontecem dia após dia, iniciando às 4h e encerrando por volta das 22h.
E para tentar encontrar causas da tragédia, na sexta-feira, dia 29, o governador Wellington Dias assinou um decreto, de número 13.681, instituindo uma comissão para investigar o caso. Presidida pelo engenheiro Norbelino Lira, a comissão tem nove órgãos que a integram, sendo estaduais, como a secretaria estadual de Segurança, federais, como a Universidade Federal do Piauí ? UFPI, e entidades de classe, como o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura ? CREA, além de outros órgãos.
De acordo com Norbelino Lira, que também é diretor do Instituto de Desenvolvimento do Piauí ? IDEPI, os trabalhos da comissão começaram, teoricamente, na sexta-feira, dia 29, mas ainda haverá uma reunião entre os órgãos para designar engenheiros específicos para diferentes caminhos, a fim de elaborar um laudo conclusivo. A princípio, Norbelino agregou uma possível causa do incidente a um deslizamento de terra que aconteceu na barragem, há cerca de seis anos.
?Nós vamos averiguar a tragédia, desde a construção da barragem até as consequências do incidente. Mas posso assegurar que esse deslizamento de terra contribuiu bastante para que a tragédia acontecesse: o deslizamento obstruiu o sangradouro. Essa será uma vertente que nós vamos seguir durante a investigação do caso?, frisou Norbelino, que tem uma vasta experiência em barragens ? foi responsável pela construção de 133 barragens, das mais de 200 existentes no Piauí.
Ainda segundo Norbelino, em 15 dias, um laudo parcial será divulgado, mostrando uma análise técnica e, em 30 dias, um laudo final e conclusivo será veiculado. Após a conclusão dos trabalhos da comissão, a indicação da reconstrução da barragem, com valores e quantidade de materiais, será feita ao governo estadual, para que dê início aos trabalhos de reestruturação da barragem Algodões I. (F.M.)