Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros e publicado na revista científica "Nature" nesta quarta-feira, 14 de fevereiro, aponta que quase metade da floresta amazônica pode estar sujeita a fatores de degradação que poderiam levar a Amazônia a um ponto de não retorno até 2025.
A pesquisa mapeou os principais fatores de estresse aos quais a Amazônia está exposta e como os diferentes tipos de degradação interagem entre si. O estudo estima que entre 10% e 47% da floresta amazônica esteja exposta a ameaças graves até 2050, que podem levar a transições no ecossistema.
De acordo com os pesquisadores, ao atingir o ponto de não retorno, a Amazônia passaria por transformações significativas, com implicações para a biodiversidade e alteração na disponibilidade de recursos.
Para entender o potencial de colapso da floresta amazônica a médio prazo, os pesquisadores analisaram as principais causas de degradação do bioma, considerando especialmente o estresse hídrico.
Os fatores de impacto analisados na pesquisa foram:
- Aquecimento global
- Precipitação anual
- Intensidade da sazonalidade de chuvas
- Duração da estação seca
- Desmatamento
Bernardo Flores, pesquisador de pós-doutorado em ecologia da UFSC e um dos líderes do estudo, destaca que é fundamental considerar também a ação humana em meio a todo o estresse que a Amazônia vem sofrendo.
"A Amazônia toda está esquentando significativamente. A temperatura média da estação seca pode aumentar quatro graus até 2050 e isso é muito prejudicial para o bioma", alerta o pesquisador.
Ele afirma que a combinação de secas extremas, calor e queimadas pode acelerar o processo de colapso da região, contribuindo para uma mudança de grande parte da Amazônia.
A pesquisa também aponta que, ao se aproximar do ponto de não retorno, se estabeleceria na Amazônia um sistema que se retroalimenta, com a aceleração de perda de florestas.