Os autistas são pessoas encantadoras. Apesar dos problemas causados pela dificuldade de interação, eles podem ser dotados de talentos inacreditáveis. Alguns são expert em matemática, outros falam dezenas de idiomas. Varia. Mas o que não muda é o amor que as famílias têm por esses pequenos, que exigem um cuidado para lá de especial. Hoje, 2 de abril, Dia do Autismo, celebramos a existência dessas pessoas tão especiais.
É o caso do pequeno Eliel Medeiros, de seis anos. Diagnosticado com autismo, o garoto agitado vai ser modelo. Isso mesmo. A mãe busca uma agência para que o menino possa estrelar propagandas e capas de revista. “Eu tive essa ideia porque aqui no Piauí ainda não tem. E é uma forma de quebrar preconceitos e mostrar que os autistas podem ser o que quiserem”, conta a Daniele Medeiros.
Daniele ressalta que o menino adora câmeras e caras e bocas. O fato foi comprovado com a visita da reportagem a residência da família. “Ele adora tirar fotos. Mas também adora andar de carro. Ser mãe de autista é um encantamento, é puro amor. Sou louca por ele, é o amor da minha vida. Eles são muito especiais, de verdade”, acrescenta a mãe.
Eliel, sorridente, mostra que tem mesmo pose de modelo. “O Dia do Autismo é uma boa data para lembrarmos de que o mundo precisa acabar com o preconceito. Os autistas viver uma vida normal e precisamos lutar por isso. Estou sempre a frente da luta pelas mães de filhos autistas”, aponta Daniele Medeiros.
Equipe multidisciplinar garante melhor desenvolvimento de autistas
O autismo, dividido em diversos espectros, necessita de acompanhamento profissional. Quanto mais cedo é o diagnóstico, mais cedo é a resposta do organismo para a cognição e desenvolvimento. Para Denisdéia Sotero, psicóloga clínica com ampla experiência no atendimento de crianças autistas, é preciso verificar o grau de autismo de forma precoce, pois assim é possível identificar como a condição atinge o indivíduo. “O autismo é baseado em três pontos: dificuldade de sociabilidade, domínio da linguagem e comportamentos repetitivos. Mas isso não é um padrão. O autismo pode ser leve, moderado e severo. O leve são as pessoas que têm algumas características, o que acaba com que sejam mais sociáveis e tenham menos dificuldade de concentração. Mas o severo é bem mais difícil de lidar, precisa de um acompanhamento mais próximo. Ele tem um maior comprometimento do comportamento interpessoal”, explica.
A melhor forma de tratamento é garantindo o acesso a uma equipe multidisciplinar, que deve dispor de profissionais de diversas especialidades “Entra o neuropediatra, o psicólogo, o fonoaudiólogo, o terapeuta ocupacional, enfim. É preciso desenvolver as habilidades do autista de forma intensa e contínua, logo nos primeiros anos. Fazer com que haja a interação social de forma ampla”, acrescenta a psicóloga.
A interação social é o primeiro ponto para garantir a inclusão social dos autistas. “Se eles ficarem isolados, no mundo deles, há uma dificuldade maior de desenvolvimento. Hoje os autistas brincam com as outras crianças normalmente, pois o tratamento é inclusivo. A escola deve estar preparada para receber essas crianças e que os profissionais sejam orientados de forma adequada. Além disso, um acompanhador exclusivo pode ser necessário”, analisa Denisdéia Sotero.
No entanto, caso a condição seja prevista de forma tardia, os prejuízos são maiores. “A socialização fica anulada. O autista fica sem querer contato com ninguém. É preciso identificar o tipo porque são vários. A síndrome de asperge, por exemplo, tem similaridade nos sintomas, mas a principal diferença é na memória, que tem uma cognição além do normal. Eles aprendem a falar vários idiomas, tocam vários instrumentos e aprendem outras habilidades vistas como difíceis com mais facilidade”, finaliza a psicóloga.