Diretor de campanha “Sou feliz sendo prostituta” é demitido

Segundo ministério, Dirceu Greco veiculou campanha sem aprovação. Campanha para acabar com associação da prostituição ao HIV foi retirada.

Reprodução | Mensagem da campanha do Dia Internacional das Prostitutas que não foi aprovada pelo ministério
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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, demitiu Dirceu Greco, o diretor do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida e Hepatites Virais do ministério, após divulgação de campanha com a mensagem ?Sou feliz sendo prostituta?. A exoneração de Greco foi publicada no ?Diário Oficial da União? desta quarta-feira (5).

Segundo o ministério da Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa, a demissão ocorreu porque o departamento veiculou a campanha sem a autorização dos responsáveis pela Comunicação Social.

O departamento lançou nas redes sociais no último final de semana uma campanha o objetivo de reduzir o estigma da prostituição associada à infecção pelo HIV e Aids. O tema da mobilização feita pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério era ?Sem vergonha de usar camisinha? e celebrava o Dia Internacional das Prostitutas, comemorado no último 2 de junho. Depois de determinar a retirada da mensagem "Sou feliz sendo prostituta", o ministério retirou toda a campanha do site.

"As peças expostas no site do Departamento de DST/Aids não passaram por análise e aprovação da Assessoria de Comunicação Social, como ocorre com todas as campanhas do Ministério da Saúde, de todos os departamentos. Logo, o descumprimento das normas previamente estabelecidas pelo Ministério da Saúde justificou a retirada das peças do site do departamento e de seus perfis nas redes sociais e a apuração das responsabilidades. As peças dirigidas a este público, que é prioritário para as ações de DST/Aids, serão disponibilizadas após análise da Assessoria de Comunicação Social", diz nota do ministério.

A campanha era composta por panfletos e cinco vídeos protagonizados por prostitutas. Além da mensagem "Sou feliz sendo prostituta", os panfletos traziam frases como ?não aceitar as pessoas da forma como elas são é uma violência?; "um beijo para você que usa camisinha e se protege das DSTs, Aids e hepatites virais" e ?o sonho maior é que a sociedade nos veja como cidadãs?. Um dos vídeos também mostrava uma prostituta que sonhou ter sido respeitada: ?sonhei que sou respeitada, que sou uma flor, uma rosa sem espinhos?, diz a protagonista.

O material, feito em uma oficina de comunicação em saúde para profissionais do sexo em João Pessoa (PB), deveria circular na internet até dia 2 de julho.

Após evento nesta terça-feira (4), Padilha afirmou que as mensagens devem ser restritas à prevenção contra doenças.

"Enquanto eu for ministro, não acho que essa tem que ser uma mensagem passada pelo ministério. Nós teremos mensagens restritas à orientação sobre a prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Respeito as entidades e os movimentos que queiram passar essa mensagem, mas é papel deles. O papel do Ministério da Saúde é estimular a prevenção às DST"s".

Mais tarde, em seu microblogTwitter, Padilha justificou a retirada da campanha.

"Não autorizei que a mensagem "sou prostituta sou feliz" seja do Ministério da Saúde. Movimentos ou indivíduos podem fazê-lo,nos seus blogs,sites,perfis e respeito-os. A decisão de retirar material não autorizado foi anterior a qualquer manifestação contra ou favor. Pelo simples fato: nçao eram autorizadas", disse Padilha no microblog.

A presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, criticou a decisão do ministro. ?Quem faz o que gosta, como gosta, é feliz na profissão. Eu sou feliz na minha profissão?, disse.

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