O relato é de Gisele Sousa Gomes: “a música transforma”. Ela é mãe de uma criança autista que está aprendendo a tocar bateria através do Projeto Música Eficiente. O filho, Breno Geares de Sousa Gomes, de nove anos, que costuma ser agitado, parece ficar encantado ao ouvir o som produzido pelos professores e ainda mais concentrado quando as duas baquetas são colocadas em suas mãos.
Sob o olhar atento e cuidadoso do instrutor, o garotinho, aos poucos, vai sincronizando o som das batidas no tambor.
“O projeto tem ajudado o Breno a se concentrar e a socializar. A partir do momento em que ele entrou no projeto nós observamos que ele passou a ter mais calma. E ele gosta muito daqui. Todos os dias na hora de vir para cá, ele mesmo pega a camisetinha do projeto para vir. Apesar de serem poucos momentos ainda, pois ele não demora muito tempo em um espaço fechado, os momentos em que ele passa aqui transformam muito o comportamento dele. Daqui para frente, com o projeto dos professores, acho que só temos a ganhar”, explicou a mãe de Breno.
A história de Breno e Gisele Sousa Gomes é apenas um dos muitos relatos que serão registrados no documentário “Quando a Música Toca”. O filme é uma produção que, através de um olhar sensível, busca mostrar pessoas com deficiência para além das diferenças. Mas sim, sob uma nova ótica: a de suas potencialidades.
Por meio de uma narrativa instigante, a produção busca trazer importantes reflexões sobre a música como instrumento para o despertar de uma nova consciência para e sobre pessoas com deficiência.
Projeto música eficiente
A ação foi idealizada pelo professor e musicoterapeuta João Gilberto e tem sido tão significativa que ele mesmo decidiu iniciar o projeto do documentário para registrar os desafios, conquistas e a evolução de cada personagem real que é atendido pelo projeto.
Para ele, a trajetória destes alunos pode inspirar mais famílias a perceberem os talentos em crianças que possuem deficiência físicas ou intelectuais.
“É uma produção que impactará muito a nossa população principalmente aquelas famílias que tem filho com algum tipo de deficiência. É um enredo que vai relatar as histórias de vidas de crianças que chegaram ao Centro. São verdadeiras histórias de superação de dificuldades que eram observadas dentro do lar familiar”, destacou.
Jovem com gagueira aprende a cantar
A Música Eficiente desenvolve o trabalho de musicalização infantil, musicoterapia, ensino e música para pessoas com deficiências como Síndrome de Down, TEA, deficiências físicas, auditivas e intelectuais. São turmas, inclusive, premiadas em competições estaduais.
Um destes orgulhos do professor João Gilberto é o jovem de 31 anos Fernando Gomes Martins. Deficiente intelectual, ele apresentava gagueira, uma grande dificuldade em falar e pouca coordenação motora quando chegou ao projeto há cinco anos. No momento em que as notas começam a ressoar, no entanto, a postura dele muda.
Dono de uma voz doce, Fernando Gomes acompanha os instrutores em diversas canções. O próprio jovem faz o relato de como o projeto o ajudou neste desenvolvimento.
“Eu gosto muito do projeto aqui, pois eu aprendi muito com os professores Júnior, Fábio e com o pai Gilberto. Eu gosto muito de cantar, de tocar pandeiro e tocar teclado”, disse.
Mais cidades em vista
Para João Gilberto, fazer com que histórias como as de Breno Geares e Fernando Gomes sejam conhecidas contribuirá para que o Projeto Música Eficiente alcance mais pessoas. Segundo ele, além de sensibilizar a população sobre os talentos de pessoas com deficiência, a produção também poderá auxiliar a ação a chegar em outros municípios do Piauí.
Atualmente, o projeto conta com uma sede em Teresina, no bairro Mocambinho e núcleos nas cidades de Demerval Lobão, Miguel Alves, Barro Duro, Luzilândia e Coelho Neto (MA). O Centro de Música Eficiente na capital é primeiro e único de todo o Brasil.
“São esses resultados que queremos mostrar não só para o Piauí, mas para todo o Brasil, pois sabemos como é difícil para algumas famílias que não têm todo esse conhecimento da deficiência do seu filho. Todas essas informações estarão lá a partir de narrativas das famílias. Acredito que essas imagens devem ser mostradas para que a sociedade não olhe somente para a deficiência, que seja um olhar de que os filhos deles também são capazes de tocar um instrumento, cantar, dançar, pois são essas ferramentas que a música trabalha. São crianças que chegaram aqui com dificuldade na fala ou motora e que hoje são capazes de cantar e tocar instrumentos de percussão. Queremos mostrar essa evolução para o nosso Piauí e Brasil”, enfatizou.
O documentário está sendo gravado, através de uma produtora local, por meio de investimentos dos próprios membros do Centro. Eles buscam a ajuda de apoiadores para o projeto que poderão ter suas marcas expostas no longa-metragem.
Para contribuir basta entrar em contato com o número (86) 9 8852-9163 ou no perfil do Instagram @projetomusicaeficiente.