De um lado, casas luxuosas, o desenvolvimento e até mesmo o sonho de consumo de muitas pessoas. Do outro, a pobreza, famílias vivendo em situações precárias, muitas vezes, sem nem mesmo ter condições dignas de moradia.
Duas realidades distintas em um mesmo lugar. É esse o cenário que é possível observar com frequência na zona Leste de Teresina.
A região, embora seja considerada como a mais desenvolvida e estruturada, esconde em suas ruas uma realidade triste. Lado a lado é possível encontrar o nobre e o pobre, duas realidades distintas, pessoas que vivem em boas condições de vida e famílias que lutam para sobreviver.
Um exemplo está no Bairro Uruguai, próximo a uma instituição de ensino de Teresina. As vias ao redor da instituição são estruturadas, mas basta passar um quarteirão ou dobrar uma esquina para ver que famílias de baixa renda vivem em uma realidade totalmente diferente daqueles estudantes.
Marcilene Costa vive em uma pequena casa com os cinco filhos e o marido.
Quando chegou ali, nada existia além do mato. O terreno onde mora é resultado de invasão que se transformou na Vila Uruguai, mas de acordo com ela, morar ali foi a única opção, já que não tinha onde ficar com a família.
Enquanto o marido trabalha, ela faz bicos trabalhando de doméstica e os filhos mais velhos dividem as tarefas de casa. ?A gente se mantém com o que ganha. É pouco, mas está dando para sobreviver?, conta.
A falta de estrutura das vias é uma reclamação constante. ?Quando chove aqui fica só a lama. Temos dificuldade até de passar. Acho que nós precisamos ter mais atenção do poder público. Em termos de saúde está bom, mas estrutura é um grande problema?, conta Marcilene Costa.
Somente na Vila Uruguai, onde Marcilene mora, são 420 famílias residindo em situações precárias. Ao todo, são mais de dez mil pessoas convivendo em meio à pobreza. E não é só lá que isso acontece. No bairro Ininga, considerado bairro nobre da cidade, também é possível observar bem próximo essa disparidade. O luxo dos casarões está ao lado dos casebres.
Lazer é um grande dilema
Além da falta de estrutura, que acaba se tornando o maior problema desses locais, um problema bastante comum que revela essa disparidade é a falta de espaços de lazer. Enquanto condomínios de luxo ou até mesmo as próprias residências dispõem de espaços com piscina ou quadras esportivas particulares, crianças de muitas vilas localizadas próximo a essas residências não têm sequer uma praça para o lazer.
Francisca Maria Bezerra mora há três anos na Vila Uruguai e a falta de opção de lazer é uma das grandes reclamações dos moradores do lugar. Com três filhos, dois ainda crianças, ela afirma que eles ou brincam no meio da rua ou dentro do pouco espaço que têm em casa.
?Aqui não tem nada para as nossas crianças brincarem. Eles brincam só em casa, na rua. Nem uma pracinha não tem. Eles andam de bicicleta, mas andam no meio dos carros, correndo risco. Mas fazer o quê, se não tem outra opção?, conta.
Ações sociais visam diminuir disparidade social
Uma maneira de diminuir a disparidade social existente em cidades como Teresina é com a realização de atividades que promovam a assistência social. Melhorar educação e proporcionar moradia com qualidade são fatores imprescindíveis para desenvolver a cidade.
De acordo com a secretária de Assistência Social e Cidadania (Semtcas), Iraneide Cristina, em toda Teresina, 104 mil famílias possuem Cadastro Único para programas sociais. Somente na zona Leste, cinco Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) fazem atendimento a famílias de baixa renda da região.
?Lá nós fazemos atendimento psicológico, cadastro para inserção no Bolsa Família, passe livre para pessoa com deficência e idosos e, além disso, o cadastro único permite que outras ações sejam implementadas, como o acesso à tarifa social de energia, de água, entre outros?.
Mesmo que essas ações sejam uma forma de contribuir para uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas, a realidade de dois mundos diferentes em um mesmo espaço, ainda deve existir por um bom tempo.
?O ideal é Trazer mais educação, moradias, possibilitar que essas pessoas possam gerar renda, com a qualificação profissional. Ações como essas são fundamentais para minimizar os problemas, não só na zona Leste, mas em toda Teresina?, pontua a secretária da Semtcas.