Por José Osmando Araújo
O Ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, fez ontem um balanço das operações que o governo, de maneira conjunta e ordenada, vem realizando nas terras Yanomamis, dominadas pelos garimpos ilegais, e trouxe uma informação bastante alvissareira.
Ele acredita, pela movimentação que ali se estabeleceu, que no espaço de dez dias cerca de 80% dos garimpeiros ilegais tenham deixado essas áreas indígenas, permitindo que o poder público tome o domínio e assuma o controle da situação, pondo fim à invasão criminosa que o garimpo impôs à maior reserva indígena do Brasil, e que levou à destruição das florestas, à expulsão dos indígenas de seus espaços originários, à contaminação dos rios, matança de peixes e à morte de centenas de crianças, mulheres e idosos dessas comunidades.
Assassinato de três guajajaras, no Maranhão, causa terror em povo de ministra Sônia Guajajara
50 vidas ceifadas
Contudo, se a notícia é, por um lado, animadora e esperançosa, de outra região surgem informações preocupantes, diante da sequência de assassinatos imposta aos integrantes das aldeias dos povos Guajajaras, no Maranhão. Só neste ano de 2023 contam-se quatro assassinatos. Somando-se às quatro outras mortes registradas em setembro de 2022, e aos cinco mortos em 2020, a lista de Guajajaras assassinados eleva-se a cerca de 50 vidas ceifadas em menos de 20 anos.
FAZENDEIROS
Diferentemente das aldeias dos Yanomamis, invadidas e destruídas por garimpeiros quase sempre autônomos, franco-atiradores (embora se tenha notícia da presença de grupos econômicos organizados por trás deles), as invasões, expulsões e mortes dos povos Guajajaras se dão essencialmente pela ação de fazendeiros de vastas regiões do Maranhão. São pessoas de posses, historicamente detentoras de terras, que planejam ampliar os seus domínios econômicos e tomam terras públicas e territórios indígenas, usando da força, da violência e da impunidade para a prática de seus crimes.
IMPUNIDADE
Vejam que não estamos falando de territórios isolados no fim do mundo. Tratamos do Maranhão, no Nordeste brasileiro, Estado que até início do ano passado foi governado por Flávio Dino, eleito senador da República e, hoje, Ministro da Justiça e da Segurança Pública do país. Aqui falamos exatamente do território de origem de Sônia Guajajara, pertencente à etnia desse povo que vem sendo sacrificado à custa da ganância que alimenta fazendeiros, e da impunidade que os protege e estimula.
O que ocorre com as populações Guajajaras é não apenas deplorável, mas demonstração escancarada da audácia desses poderosos matadores, que não têm qualquer apreço à vida dos indígenas, e nem medo, nem respeito a qualquer tipo de autoridade. Atuam na permanente afronta à lei e à vida alheia, assumem terras que não são suas e permanecem desfrutando de impunidade.
ESPERANÇA
Toda a esperança de que isso tenha fim nasce agora, quando dois dos mais expressivos representantes do Maranhão conquistam posições não apenas de destaque, mas de absoluto significado e foco para esta questão crucial. Sônia Guajajaras, como a primeira Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, e Flávio Dino, como responsável por fazer aplicar a justiça, a ordem e a segurança do país.
É urgente barrar a matança dos povos Guajajaras.