Após a acentuada queda no preço das ações da Petrobras com o fim do processo de capitalização, os papéis têm mostrado forte recuperação nas duas últimas semanas.
Desde 25 outubro, as ações preferenciais (sem direito a voto, mas com preferência na hora de receber dividendos) da estatal (PETR4) acumulam alta de 13,59%, com base no fechamento de sexta-feira (5).
No mesmo período, as ações ordinárias (PETR3), com direito a voto, subiram 11,96%. Como comparação, o Ibovespa (principal índice da Bolsa de São Paulo) subiu 4,43%.
Segundo analistas ouvidos pelo UOL Economia, não há um consenso para explicar essa alta. Entre os motivos apontados estão o sucesso da capitalização, o fim das eleições e o maior interesse dos investidores externos pelo papel.
Para Reinaldo Zakalski, diretor-executivo da BI Invest, a confirmação da vitória de Dilma Rousseff na corrida presidencial teve forte inlfuência para a recuperação dos ativos da estatal.
De acordo com ele, alguns investidores acreditam que será mantida a parte estrutural da Petrobras no próximo governo. ?Com a vitória de Dilma, o mercado analisa que vai haver uma continuidade na exploração do pré-sal?, afirma.
O analista Lucas Brendler, do Banco de Investimentos Geração Futuro, afirma que o término das eleições pôs, independentemente de seu resultado, fim a um momento de indefinição, já que a Petrobras é uma empresa que ?sofre muitas influências políticas".
Já Marco Saravelle, analista da Coinvalores, discorda. ?O fator político no curto prazo tem um viés mais negativo do que positivo. Foi a ingerência política, aliás, que trouxe incerteza em relação à Petrobras e ao processo de capitalização?, afirma.
Para Saravelle, a alta das ações da empresa está relacionada a grandes investidores, incluindo estrangeiros, que haviam vendido parte de seus papéis e que estão voltando a apostar na companhia.
?É um ativo atraente e barato em comparação ao de outras empresas petrolíferas.?
Brendler também aponta a entrada de investidores estrangeiros como mum motivo para a alta na cotação das ações. ?Com taxa de juros próxima a zero, os investidores dos países desenvolvidos vêm atrás de aplicações em renda variada nos países emergentes?, afirma.
Recomendações
Uma semana após a estreia das novas ações da Petrobras ofertadas na capitalização, pelo menos cinco consultorias reduziram o preço-alvo esperado para os papéis da petrolífera. Duas delas rebaixaram a recomendação para as ações. A Itaú Corretora e o banco inglês Barclays consideravam a empresa "acima da média do mercado" e passaram a classificá-la como "dentro da média do mercado".
Na semana passada, porém, o BTG Pactual recomendou o investimento nas ações da estatal e o banco UBS elevou a recomendação para as ordinárias a "neutro", com preço-alvo de R$ 30.
Mesmo quando as consultorias rebaixaram o preço-alvo, o valor ainda estava acima do registrado no fechamento de sexta-feira. Com isso, analistas afirmam que a tendência dos papéis ainda é de alta.
?Acredito que há espaço para que o preço das ações suba nos próximos meses?, afirma o consultor Zakalski.
Ele, porém, adverte que as ações podem passar por alguma instabilidade durante a formação do novo governo, conforme forem sendo divulgados os nomes dos novos ministros, especialmente de quem for ocupar o Ministério de Minas e Energia.
Saravelle é um pouco mais conservador e considera que o momento é de ?otimismo contido?. ?O papel tem potencial de crescimento, mas não muito forte?, diz.