Embora tenha apresentado uma taxa positiva 0,2% de crescimento em agosto, o ritmo do comércio varejista no país desacelerou em relação a julho (1,6%) e junho (1,4%), segundo mostrou a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Das dez atividades pesquisadas, três apresentaram crescimento negativo: supermercados (-1,1%), tecidos e vestuário (- 0,8%) e livros e papelaria (-0,2%).
Para o gerente da Coordenação de Serviços e Comércio, Reinaldo Pereira, a taxa crescimento negativo na atividade dos supermercados pode ser explicada pela alta nos preços, mostrada na recente divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indice que mostra a inflação oficial do país acelerou de 0,41% em agosto para 0,57% em setembro, puxado principalmente pelos alimentos.
Já em relação a tecidos e vestuários, Reinaldo explica que o setor tem um cenário difícil de ser entendido porque é influenciado pelos produtos importados, principalmente da China, que chegam ao mercado com preços mais baratos.
Mas, em agosto, a taxa de crescimento ficou negativa possivelmente para compensar a alta demanda de julho provocada pelas liquidações (variação de 2,4%) e também pelo preço mais alto da nova coleção primavera/verão que está nas vitrines.
Também nas atividades de papelaria a taxa negativa de crescimento de vendas se explica pela compensação do alto volume de vendas nos meses anteriores, principalmente em junho, por conta da volta às aulas.
Apesar da desaceleração das vendas no varejo em agosto, Reinaldo afirma que o quadro não é de piora para o comércio, pois, se comparado com agosto de 2011, o movimento do comércio teve crescimento de 10,1%. No acumulado do ano, o crescimento foi de 9% enquanto que em 12 meses, a variação foi de 7,8%.
Ele explica, ainda, que a média dos meses de agosto, julho e junho soma 1,08%, mais do que a média dos meses de julho, junho e maio, quando foi de 0,73%.
O terceiro mês consecutivo de crescimento positivo no comércio se explica, segundo Reinaldo, por fatores como aumento da renda, estabilidade emprego, redução dos juros, oferta de crédito e incentivos governamentais.
A venda de automóveis, que em julho apresentou crescimento negativo (11,2%) voltou a crescer em agosto (7,7%), em função do anunciado fim da redução de IPI, que acabou sendo prorrogado
?A redução de IPI para os carros, decidida em maio, refletiu em junho. Em julho teve arrefecimento, mas em agosto, quando se esperava que a isenção do IPI fosse acabar, houve uma nova corrida aos carros?, explicou Reinaldo.
A redução de IPI continua a influenciar de forma positiva as vendas de móveis e eletrodomésticos: a taxa de 1% em julho passou paraa 2,5% em agosto.