Espalhados pelas ruas da cidade de Manaus, aglomerados, principalmente, nos sinais de trânsito, vendedores ambulantes cruzam em meio aos veículos na tentativa de vender seus produtos diversificados ? desde frutas, acessórios para carros, produtos de limpeza, garrafas de água e latinhas de refrigerante ? aos condutores.
Alguns são insistentes, outros esperam serem chamados pelos clientes interessados e outros já até montaram bancas nas calçadas. A reportagem do G1 percorreu as ruas da cidade para conversar e conhecer melhor a rotina desses trabalhadores.
Sentado atrás de sua banca de frutas, Paulo Sérgio, de 59 anos, já trabalha há 12 anos em um cruzamento das avenidas André Araújo e Humberto Calderaro Filho, localizadas na Zona Centro-Sul da cidade. ?Vim do Pará procurando uma oportunidade melhor de vida e tive que me virar como pude. Comecei vendendo frutas e até hoje estou no ramo?, contou seu Paulo.
Quando perguntado sobre sua estratégia de venda, Paulo Sérgio conta que mistura um pouco de cada técnica. ?Sou do tipo de vendedor que sai oferecendo o produto de carro em carro, mas também, quando já estou mais cansado, sento aqui em minha banca e espero o cliente me chamar. Há vezes também que eles estacionam o carro aqui ao lado e vem até a banca para comprar?.
Já João Ferreira, de 43 anos, que já trabalha como ambulante há sete anos, diz que não segue o comportamento do vendedor insistente. ?Acho irritante este tipo de vendedor. Eles enchem a paciência do cliente e na maioria das vezes acabam não vendendo nada. Eu apenas vou andando entre os carros, mostrando meus produtos, e espero ser chamado?, afirmou João.
Sobre os produtos que mais tem vendido atualmente, João afirma que o ciclo de cada produto é muito rápido. ?Semana retrasada as bolinhas ?teco-teco? eram um sucesso, passadas essas duas semanas elas já ficaram mais de lado?, contou o vendedor, que atua como um ?nômade? nas ruas do Centro de Manaus.
Para Paulo Sérgio, o segredo das vendas é saber atender às necessidades, é ?saber oferecer o que as pessoas estão procurando?. ?Agora, com esse calorzão em Manaus, as pessoas querem frutas mais leves e refrescantes. Abacaxi, caqui, manga e morango, são as mais pedidas da estação?, informou Paulo. João Ferreira concorda e completa, ?agora no verão, o que mais tenho vendido é para-sol para carros. Os que eu trouxe hoje, já até acabaram?. Porém, os ?campeões? de vendas, são as garrafinhas de água, latinhas de refrigerante e sucos de laranja.
Segundo João Ferreira, um dos segredos para se manter um bom relacionamento entre os vendedores que dividem uma área, é respeitar o espaço do outro. ?Apesar de dividirmos um espaço, não podemos chegar vendendo algo que já esteja sendo comercializado por outro vendedor, é antiético. Por exemplo, se já tem um vendedor de bolinhas ?teco-teco? na área e eu quiser dividir a área com ele, é melhor eu procurar outra coisa pra vender que não seja a bolinha ?teco-teco??, informou o ambulante.
Contudo, engana-se quem pensa que é fácil a vida de um vendedor ambulante. ?Muitas pessoas acham que, por nós não termos chefes, temos um trabalho fácil e temos nosso próprio horário de trabalho. Temos sim, nosso próprio horário de trabalho, e não precisamos bater ponto, mas se não sairmos às ruas não fazemos dinheiro?, contou Paulo. ?Cada dia é uma aventura, você sai para trabalhar e não sabe com quanto vai voltar para casa. Tem dia que o lucro é de R$ 40, mas tem dias que é zero?, complementou João Ferreira.