A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) conseguiu vender 1.973 megawatts de energia no 21º Leilão de Energia Nova "A-5", realizado nesta quinta-feira na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O preço médio da energia nova, que será adicionada ao sistema elétrico brasileiro a partir de 2020, foi de R$ 259,19 por MWh, com deságio médio de 0,92%. A energia negociada no leilão será gerada por 14 novas usinas, entre hidrelétricas e termelétricas, e vão gerar receitas de R$ 67,41 bilhões.
"O que o resultado do leilão mostra é que o preço foi bem estimado e atraiu os investidores. E o resultado foi muito bom porque a oferta foi muito maior que a demanda", afirmou Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ao comentar o baixo valor do ágio no leilão.
Ao todo. foram leiloadas três usinas termelétricas de biomassa, uma a gás, oito pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), uma nova hidrelétrica (Itaocara) e a ampliação da capacidade de uma hidrelétrica já existente, a Tibagi Montante, no Paraná. A capacidade de geração dos projetos contratados corresponde a 30% do total ofertado no leilão, 6.700 megawatts.
Para Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, as necessidades das distribuidoras foram atendidas, mas a um preço mais caro, que reflete a conjuntura atual do setor e do país.
"O leilão conseguiu atender à demanda, o que mostra que este é um mecanismo eficiente, mas as condições macroeconômicas e de risco do setor mudaram. Seja pela aumento dos custos do crédito do BNDES sejam pelos riscos setoriais agravados pela crise hídrica", disse Castro.
A única hidrelétrica nova ofertada no leilão foi a usina de Itaocara, que será construída no rio Paraíba do Sul, entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, com capacidade de geração prevista de 145 MW. O empreendimento foi arrematado pelo Consórcio Itaocara, encabeçado pela Cemig, que ofereceu preço de 154,99 para o MW, praticamente sem ágio sobre o preço teto, de R$ 155,00, definido pela Aneel.
Do total de energia nova contratada no leilão, 82,4% será gerada por termelétricas, chamados projetos para disponibilidade. Entre elas, desataca-se a usina Porto de Sergipe I, a unica a gás natural, e que terá capacidade instalada de 1.515,64 megawatts, ou 76,8% da capacidade total adicionada. Trata-se de um mega projeto que exigirá R$ 3,78 bilhões em investimentos e será o segunda usina movida a gás liquefeito de petróleo (GLP) do Nordeste. As empresas que compõem o consórcio GPE Sergipe não foram reveladas.
"É preciso ver a solidez financeira do grupo que vai construir um empreendimento deste tamanho, nas condições adversas do mercado atual", observou Castro, da UFRJ.
Em sua avaliação, a contratação de oito PCHs foi outro sinal positivo, já que esses empreendimentos estavam estagnados.
"Esses projetos só voltaram a atrair investidores porque houve uma reavaliação da política de preço teto, que deu viabilidade econômica a esses projetos", disse.
Ao todo, 26 distribuidoras fecharam contrato de compra da energia a ser gerada por essas empresas a partir de 2020. A Light foi a empresa que mais comprou energia no leilão, arrematando 11,45% do total ofertado. A Celpe, distribuidora de Pernambuco, e a Amazonas Energia, vieram em seguida, com 10,6% cada.