Puxada pelos preços de alimentos, a inflação acelerou no Brasil no mês passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (7). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,59% em outubro, depois de ter registrado alta de 0,57% em setembro. É a maior alta desde abril e a segunda maior do ano. No acumulado em 12 meses até setembro, o índice subiu 5,45%, ante 5,28% em setembro.
A inflação ao consumidor no Brasil ficou praticamente no mesmo nível de setembro, com as empresas ainda repassando a recente alta dos alimentos no mercado internacional. Porém, outros índices vêm apontando que o preço dos alimentos deve cair nos próximos meses.
O índice tem se afastado cada vez mais do centro da meta do governo, de 4,5% neste ano.
Os preços dos alimentos tiveram alta de 1,36%, com o maior impacto na alta do mês. Os principais impactos individuais vieram do grupo "alimentação e bebidas". O primeiro foi o arroz, que ficou 9,88% mais caro. Em seguida, as carnes, com alta de 2,04%.
Os preços dispararam nos últimos meses após uma intensa seca nos Estados Unidos. No entanto, as cotações de soja, milho e outras commodities têm recuado nas últimas semanas após analistas revisarem para cima suas projeções para a colheita norte-americana.
"A maior parte do choque nas commodities já chegou ao consumidor", afirmaram analistas do Morgan Stanley em nota.
Dos nove grupos que compõem o IPCA, seis registraram alta superior às vistas em setembro. Os artigos de vestuário chegaram a 1,09%, ante 0,89% no período anterior, enquanto os artigos de residência saíram dos 0,18% de setembro para 0,37% em outubro.
Juros
O BC cortou a Selic em 10 reuniões seguidas para a mínima recorde de 7,25% como parte dos esforços do governo para estimular a economia, que quase caiu em recessão no final do ano passado. Os juros devem seguir nesses níveis por um período "suficientemente prolongado", já informou o BC na ata da sua última reunião de política monetária, no mês passado.
"O IPCA não vai ter implicação nenhnuma para politica monetária. Eles (BC) já decidiram claramente o que vão fazer", disse o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.