O ator Sandro Rocha, que participou do filme "Tropa de Elite" e era um dos principais divulgadores da Telexfree, empresa investigada por formação de pirâmide financeira, publicou na terça-feira um vídeo no qual afirma que vai deixar a empresa. Ele disse ainda que cerca de 900 pessoas o questionaram no Facebook pelo envolvimento com a empresa , mas que ele apenas se sente responsável pelas pessoas da sua rede, chamada de "Elite Group".
No início de julho, a Justiça Estadual do Acre suspendeu os pagamentos e as novas adesões de clientes à empresa, que vende planos de minutos de telefonia de voz por IP. A empresa garantia remuneração aos sócios a partir da venda de produtos em sites e por meio da adesão de novos membros.
No vídeo de 42 minutos disponível no YouTube, o ator pede "reflexão" e "serenidade" às pessoas que atuaram na empresa. Segundo ele, o caso da Telexfree vem há um mês ocupando a sua mente e tirando seu sono, principalmente após a Justiça ter retido o dinheiro dos membros dos grupos.
Ele afirmou que o que a Justiça fez contra a empresa foi uma "barbaridade", mas afirmou que após várias tentativas de entrar em contato e depois de ouvir a posição da empresa, optou por deixar o grupo e que espera que a situação se resolva, mas que não volta para a Telexfree. Ele afirmou que também tem muito dinheiro parado na empresa e que é apenas "um divulgador como você, quando eu entrei ninguém veio me ajudar." "Quisera eu poder resolver os problemas da empresa, se pudesse faria isso."
Entenda
A Justiça do Acre impediu em junho a atividade da TelexFree sob pena de R$ 100 mil a título de multa por nova adesão por considerar que a empresa atuava com o intuito de formar uma pirâmide finaceira. A pirâmide é caracterizada quando o organizador da empresa remunera seus antigos sócios com taxas de adesão cobradas dos novos sócios, e não com o lucro do empreendimento.
No início de julho, os advogados da empresa levaram o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na tentativa de derrubar a liminar, mas o STJ decidiu que ainda falta esgotar a instância judicial local para que o STJ possa avaliar qualquer medida urgente relativa ao caso.
A empresa alega que a atividade não é "pirâmide financeira", mas sim marketing de rede, fato que o STJ não pode avaliar no processo porque envolve análise de circunstâncias factuais. De acordo com a medida cautelar pedida pela empresa, a TelexFree atua desde 2012 e tem alto grau de satisfação entre usuários e divulgadores. Para a empresa, a ação civil pública movida pelo Ministério Público do Acre seria com base em "ocorrências isoladas" registradas no Procon local. A medida cautelar impediria "grave dano", como a quebra da empresa.
Segundo o Ministério da Justiça, a empresa estaria ofendendo os princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor, como o dever de transparência e boa-fé nas relações de consumo, além de veiculação de publicidade enganosa e abusiva. Caso seja confirmada a violação aos direitos e garantias previstos no Código de Defesa do Consumidor, a empresa poderá ser multada em cerca de R$ 6 milhões.