Graças a "exportação" de uma plataforma de extração de petróleo no valor de US$ 1,9 bilhão na semana passada, pela primeira vez no ano a balança comercial brasileira passou a apresentar saldo positivo no ano, de apenas US$ 246 milhões.
O problema é que a plataforma não foi de fato exportada. Segundo a assessoria do Mdic (Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior), essa operação "seguiu o mesmo padrão" da exportação de uma plataforma registrada em junho. Naquele caso, o equipamento foi exportado por fornecedores brasileiros para subsidiárias da Petrobras no exterior e posteriormente alugado pela própria estatal. Essa operação foi feita dentro das regras do regime aduaneiro especial Repetro, que dá incentivos tributários. O Mdic não informou qual empresa fez a operação dessa vez.
O ministério informou que essas operações dentro do regime Repetro são feitas desde 2004. Em nota, salientou ainda que "a apuração estatística da referida operação na exportação brasileira está em concordância com as recomendações das Nações Unidas de metodologia e produção estatística de comércio exterior, da qual o Brasil é signatário".
Nos primeiros quatro dias de Outubro, o país exportou US$ 6,069 bilhões e importou US$ 4,215 bilhões, registrando superávit de US$ 1,854 bilhão. Ou seja, sem a venda da Plataforma, o saldo das trocas comerciais teria ficado levemente negativo no período e continuaria deficitário no acumulado do ano.
Até sexta-feira passada, as exportações somavam no ano US$ 183,719 bilhões e as importações, US$ 183,473 bilhões, com saldo positivo de apenas US$ 246 milhões.
O desempenho fraco da balança comercial brasileira neste ano se deve principalmente ao déficit nas trocas da conta petróleo, que contabiliza as transações externas de óleo bruto e combustíveis derivados, como gasolina e diesel.
Sem conseguir produzir em quantidade suficiente para atender a demanda interna, a Petrobras está tendo que importar combustível em quantidade maior. Além disso, as exportações de petróleo da estatal recuaram no ano devido à queda da sua produção causada, segundo a companhia, por paradas técnicas de manutenção em algumas plataformas.
Outro fator que também impacta o resultado da balança é que parte dos combustíveis importados pela Petrobras no ano passado só foi contabilizada neste ano devido a uma mudança na forma como a Receita Federal registra essas compras.