Em meio à valorização do dólar e ao aumento das incertezas sobre a economia global e a inflação, o Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, chegando a 11,25% ao ano. A decisão, esperada pelo mercado, foi tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e reflete a busca por maior controle inflacionário.
Reflexo
Esse aumento marca uma inflexão no ciclo de cortes na taxa básica, que, após permanecer em 13,75% por um ano, teve seis reduções consecutivas de 0,5 ponto percentual e uma de 0,25 ponto até atingir 10,5% ao ano em junho de 2023. O Copom decidiu manter a Selic em 10,5% nas reuniões de junho e julho, antes de iniciar novas elevações em setembro, com um aumento inicial de 0,25 ponto.
Pressão Inflacionária
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA subiu 0,44%, pressionado pelo aumento das contas de luz, em razão da bandeira tarifária vermelha, e pela elevação nos preços dos alimentos, impactados pela seca no início do semestre. Nos últimos 12 meses, o índice acumulou alta de 4,42%, aproximando-se do teto da meta inflacionária.
Meta
Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu uma meta de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Isso significa que a inflação oficial poderia variar entre 1,5% e 4,5% ao longo do ano. Segundo o último Relatório de Inflação do BC, a previsão para o IPCA de 2024 foi ajustada para 4,31%, mas o impacto da valorização do dólar e das condições climáticas adversas pode exigir revisões. O próximo relatório será divulgado em dezembro.
Expectativas do Mercado
As projeções do mercado financeiro são ainda mais pessimistas. Segundo o Boletim Focus, que coleta semanalmente as expectativas de instituições financeiras, a inflação deverá encerrar o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Um mês atrás, essa projeção era de 4,38%.
Crédito Mais Caro e Crescimento Econômico
A alta da Selic torna o crédito mais caro e, com isso, tende a frear o consumo e o investimento. No entanto, essa política de juros altos visa conter o aumento da demanda e aliviar a pressão sobre os preços, o que pode ajudar a controlar a inflação. Em seu último relatório, o Banco Central aumentou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, revisando-a para 3,2% após a expansão de 3,1% observada neste ano.
Referência
A taxa básica de juros, usada para as operações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), serve de referência para as demais taxas da economia. Ao elevá-la, o Banco Central busca estimular a poupança e controlar a inflação, ainda que isso limite o crescimento econômico. Para retomar uma política de corte de juros, a autoridade monetária deverá ter maior segurança de que a inflação está controlada e sem riscos de alta. (Com informações da Agência Brasil)