Banco Central projeta crescimento de 7,7% no volume de crédito em 2023

A projeção reflete a atual política de aperto monetário, com a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 13,75% ao ano

BC faz previsão para crescimento do crédito | Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O Banco Central (BC) divulgou suas projeções para o mercado de crédito bancário no Brasil em 2023, prevendo um crescimento de 7,7% no volume total de crédito. Essa estimativa foi ligeiramente elevada em relação à previsão anterior de 7,6%, divulgada em março do mesmo ano. A projeção reflete a atual política de aperto monetário, com a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 13,75% ao ano desde agosto do ano anterior.

O BC destaca que o aumento da taxa Selic é uma medida para conter a inflação, uma vez que juros mais altos tornam o crédito mais caro, desestimulando o consumo e favorecendo a poupança, o que contribui para evitar uma demanda excessiva na economia.  Os resultados do aperto monetário são refletidos na desaceleração da economia e também no encarecimento do crédito.

A revisão do cenário macroeconômico e os novos dados do mercado de crédito foram incorporados para elaborar a nova estimativa. De acordo com o Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, o saldo dos empréstimos às famílias teve uma evolução acima do esperado, especialmente no segmento direcionado, enquanto os financiamentos às empresas sofreram uma retração mais intensa, principalmente no segmento livre.

Para o segmento de crédito livre destinado a pessoas físicas, a projeção de crescimento do estoque aumentou de 8% para 9%, refletindo a maior resiliência nas concessões até abril de 2023. Já para o crédito livre concedido a empresas, a projeção foi reduzida de 6% para 3%, devido à desaceleração mais intensa do que o esperado no primeiro quadrimestre do ano.

O BC explica que a oferta restritiva de crédito no início do ano foi influenciada pelas condições gerais da economia, incluindo o ciclo monetário atual, e também teve reflexos do caso das Lojas Americanas, que estão em recuperação judicial desde janeiro, enfrentando uma crise após a revelação de "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões. Enquanto o crédito livre registrou uma desaceleração, o crédito direcionado apresentou um crescimento para pessoas físicas, com a projeção aumentando de 9% para 11%. 

De acordo com o Banco Central, esse crescimento foi impulsionado pela maior disponibilização de crédito rural no início do ano. No entanto, o crédito imobiliário ainda apresenta uma desaceleração discreta, apesar de uma queda nas concessões desde meados de 2021. Vale ressaltar que, devido aos longos prazos dessas modalidades e suas pequenas amortizações em comparação ao saldo total, as mudanças nas concessões têm um impacto mais defasado na carteira de crédito. 

Para o segmento de crédito direcionado a pessoas jurídicas, a projeção permanece em 7%. As informações fornecidas pelo BC visam fornecer uma visão clara do cenário de crédito no país, considerando suas ramificações econômicas e os esforços para controlar a inflação em meio ao contexto atual.

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