O citi elevou de 71% para 94% o risco de déficit de energia no Brasil em 2014, com base nas estimativas de chuvas divulgadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na sexta-feira para abastecer reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste do País. O ONS estimou na sexta-feira que a vazão de chuvas em abril para os reservatórios dessa região, onde estão as mais importantes represas para abastecimento de energia, devem ser equivalentes a 83% da média histórica.
"Se a estimativa do ONS para abril se tornar realidade, então as chuvas de maio a dezembro terão que chegar a 108% da média histórica para o Brasil evitar inteiramente a necessidade de racionamento", escreveram os analistas Marcelo Britto, Kaique Vasconcellos e Stephen H Graham em relatório nesta segunda-feira.
Segundo os analistas, um racionamento de 5% do consumo já seria necessário e o governo federal parece estar adiando a decisão por um racionamento de energia antes das eleições, na esperança de que uma recuperação das chuvas torne a medida desnecessária. "Se esse jogo continuar por muito tempo e as chuvas não vierem, as chances começam a apontar para um futuro racionamento de maior magnitude, de cerca de 20%", acrescentaram os analistas, referindo-se à dimensão de um racionamento que pode ser necessário em 2015.
Cesp e Cemig são empresas que conseguem obter ganhos em momento de altos preços de energia no curto prazo, conforme ocorre atualmente, segundo o Citi, mas essas empresas também perderiam em caso de um racionamento de energia. "Estamos cautelosas sobre elas, Copel, Tractebel e AES Tietê", disseram.
Os reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste estão a 36,24% de nível de armazenamento, segundo dados fechados no domingo pelo ONS. A expectativa do operador é que eles estejam a 41% após as chuvas de abril, no início de maio, conforme informou na sexta-feira.
Em fevereiro, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse que os reservatórios teriam que estar em cerca de 43% no fim de abril para garantir o abastecimento de energia adequado do País durante o período seco, que vai até outubro/novembro. No Sul, os reservatórios estão a 46,14%, no Nordeste a 41,57% e no Norte a 85,92%.