Bancos brasileiros têm obras de arte avaliadas em R$ 190 milhões

Instituições têm quadros de Portinari, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral

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Os cofres do Banco Central em Brasília não guardam apenas dinheiro. Parte dos seis subsolos do banco, onde ficam os cofres, guarda um acervo de arte estimado em milhões de reais. O mesmo vale para as obras da Caixa Econômica Federal. Ao todo, as duas instituições têm 4.200 obras de arte com valor estimado superior a R$ 190 milhões.

Desconhecido de grande parte da população brasileira, o patrimônio cultural dos bancos públicos foi formado quase que por acaso. O Banco Central, autoridade monetária nacional, ficou com as obras como pagamento de dívidas de bancos falidos, que foram liquidados nas décadas de 70 e 80. Já a Caixa iniciou o seu acervo com um concurso cultural para ilustrar bilhetes de Loterias.

Para tornar pública essa coleção de arte, os bancos foram, ao longo dos anos, organizando o acervo, restaurando e organizando exposições. Mas as mostras ainda são restritas. No caso do BC, uma pequena parte do acervo fica por dez meses em exposições temáticas, na Galeria de Arte do banco, em Brasília, que tem 430 m² e capacidade para expor cerca de 60 obras pequenas. Já a Caixa tenta dar mais visibilidade às obras, mesclando exposições permanentes com mostras temporárias em suas cinco sedes em três capitais brasileiras.

A tendência, no entanto, é que o "museu" guardado pelos bancos seja "visitado" por um número cada vez maior de brasileiros. A presidente Dilma Rousseff, admiradora das artes, já sinalizou que pretende aproximar as obras de arte da população: em março uma exposição foi organizada dentro do Palácio do Planalto, a pedido da presidente, com o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, emprestado da Argentina como a grande estrela da exposição.E o acervo das bancos públicos está cheio de estrelas. Só de Cândido Portinari, um dos principais pintores brasileiros, o Banco Central tem 15 quadros de grandes dimensões Pela estimativa do leiloeiro James Lisboa, especialista em avaliação de obras de arte, o acervo do BC do pintor vale R$ 144 milhões.

O valor é uma estimativa porque as obras de arte em geral são vendidas em leilão. E o valor depende da quantia que os compradores interessados estão dispostos a desembolsar pela obra. O valor final do arremate pode ser maior do que o estimado, menor, ou a obra pode simplesmente não ser vendida.

O BC, do total de 2.300 obras de arte, 380 foram identificadas como de "maior expressão artística". Além dos Portinari, há um grande acervo de arte modernista. As obras de artistas mais famosos são: 21 obras de Di Cavalcanti (entre quadros e desenhos), 5 quadros e uma escultura de Tarsila do Amaral, 18 quadros de Alfredo Volpi, 3 desenhos em nanquim de Juarez Machado, e 3 gravuras pequenas do espanhol Salvador Dalí.

Telma Ceolin, chefe do Museu de Valores do BC,fala do acervo do banco, que pode ser visto online no site da instituição.

- O que se percebeu é que essas obras, grande parte delas, por coincidência eram do período modernista. Então nós temos obras importantes de Volpi, temos uma peça que se destaca, que é a bandeira brasileira, por ser um painel de grandes dimensões. Temos peças também importantes de Di Cavalcanti e da Tarsila do Amaral, além da obra de Portinari.

Já na Caixa, que também tem quatro obras de Di Cavalcanti avaliadas por Lisboa em mais de R$ 2 milhões, outros artistas que se destacam no acervo são Djanira, Clóvis Graciano e Aldemir Martins.

Crescimento

Nos próximos anos, a galeria do BC deve ganhar mais espaço. A intenção do banco é transferi-la para o Museu de Valores, que fica no térreo do prédio, com acesso mais fácil da população, explica Telma. Hoje, para chegar à galeria do BC é preciso subir até o sétimo andar. A entrada é gratuita.

- Quando a galeria estiver no Museu de Valores será possível fazer um link entre o período em que as obras foram pintadas e o que estava acontecendo em termos culturais e econômicos.

Dois funcionários, além de Telma, cuidam do acervo. Os gastos para bancar a conservação dos quadros e organizar exposições são pagos com orçamento do próprio banco. A restauração das obras de Portinari custou R$ 1 milhão.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil também possui obras de arte, mas seu acervo não é centralizado, nem há um catálogo organizado das obras. De acordo com a assessoria de imprensa do banco, há óleos, esculturas e gravuras espalhados pelas agências do BB no Brasil e no exterior, mas exposições contratadas pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) são feitas com acervo de outras instituições selecionadas por edital.

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