O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (20) que o Banco do Brasil pode se tornar sócio da Caixa Econômica Federal (CEF) no financiamento de imóveis nos próximos anos.
Segundo ele, a Caixa não dará conta do volume total de empréstimos para o setor imobiliário nos próximos anos. “Em habitação, eu acho que só a Caixa não vai dar conta do que vai acontecer no Brasil nos próximos anos. Vamos entrar lá e ser sócios. Vamos participar Banco do Brasil e Caixa, poque senão a gente não acompanha o crescimento”, disse durante reunião com o Conselho Diretor do BB, que é composto por diretores e superintendentes da instituição.
O presidente comemorou a entrada do BB no mercado de financiamento de automóveis e declarou que quando a instituição não tiver “expertise” em determinado negócio deve comprar essa experiência. “Eu fico muito orgulhoso quando agora tomamos a decisão de financiar carros. Ah, mas não tem expertise. Vamos comprar expertise. É por isso que tomamos a decisão de comprar o Banco Votorantim.
Eles tinham uma carteira de R$ 90 bilhões de financiamento de carro e o Banco do Brasil não tinha expertise. Vamos ter o dinheiro para financiar carro também”, afirmou. América Latina Lula pediu ainda que a direção do Banco do Brasil se esforce para ampliar os negócios da instituição na América Latina e se transforme em um banco sul-americano para ampliar a possibilidade de negócios de interesse do país. Lula fez uma comparação com a Petrobras. “Nós precisamos ter mais bancos aqui na América do Sul.
Vocês não imaginam a quantidade de oportunidades que a Petrobras perdeu ao longo desses 20 anos pela visão pequena que tinha o Estado brasileiro. Foi um trabalho convencer a direção da Petrobras que ela precisava ser uma multinacional de verdade. Aonde puder, tem que fincar a bandeira das Petrobras, o seu conhecimento tecnológico, para que ela se transforme numa empresa muito mais importante do que ela é. A mesma coisa eu penso do Banco do Brasil”, disse. Lula disse ainda que o banco deve marcar presença em grandes mercados.
Segundo ele, é “incompreensível” o Brasil ter um comércio de US$ 40 bilhões com a China e não ter uma agência do Banco do Brasil naquele país. Ele usou o mesmo exemplo com a Venezuela. “Como é que temos balança comercial de US$ 40 bilhões com a China e a gente só tenha na China um escritório e não tenha um banco de verdade?. Temos quase US$ 5 bilhões de superávit [comercial] com a Venezuela e a gente não tem um banquinho nosso lá para vender, para comprar, para captar.
Aí sim, que a gente vai se transformar não apenas num banco do Brasil, mas num banco do nosso continente, com alma brasileira e com força latino-americana. Porque só os grandes bancos estrangeiros têm que ser grandes e a gente não?” Complexo de "vira-lata" Segundo Lula, daqui a dez anos o Brasil pode ficar entre as maiores economias do mundo. “Eu trabalho com a ideia de que o Brasil daqui a dez anos vai estar entre as cinco maiores economias do mundo.
Basta que as coisas deem certo e que a gente não faça nenhuma loucura. É só a gente agir com responsabilidade”, analisou. Segundo Lula, o país tinha “mentalidade de vira-lata”. “ O Brasil teve um tempo que era vira-lata. Tudo para nós era superior. Quem é que gosta de alguém que não se respeita?”. Segundo o presidente, “nós sempre nos tratamos como inferiores”.