Preocupações com a desaceleração da economia chinesa afundaram nesta segunda-feira (24) as Bolsas de todo o mundo, que abriram os pregões registrando fortes quedas. Xangai liderou as perdas. O índice composto da Bolsa chinesa caiu 8,49%, a 3.209,91 pontos, depois de perder 9% durante a sessão, que recebeu o apelido de "Segunda-feira Negra".
A Bolsa de Shenzhen, a segunda maior da China, registrou queda de 7,70%, a 1.882,46 pontos. No Brasil, o dólar comercial era cotado em R$ 3,556 às 9h38. O mercado acionário chinês também afetou a cotação do petróleo, que teve queda de mais de 4% nesta segunda-feira. A queda das Bolsas reflete a frustração de investidores após Pequim não anunciar novos estímulos mesmo depois do recuo de 11,5% no decorrer da semana passada e sinais de fraqueza na demanda doméstica e nas exportações.
A perda de valor das ações segue sinais de desaceleração da economia chinesa, cujo PIB aumentou 7% no segundo trimestre de 2015 -o crescimento de 7,4% em 2014 já havia sido o menor desde 1989. A desconfiança sobre o país também aumentou após o Banco Central chinês ter flexibilizado a cotação da moeda no dia 11 de forma que o yuan se tornasse mais suscetível às variações de mercado. Naquele dia, a taxa de referência para a variação do preço da moeda foi desvalorizada em 2%, o que significou uma desvalorização de fato de 1,81% do yuan. Foi a maior depreciação da moeda desde o fim do câmbio fixo, em 2005.
Ela foi seguida por mais dois dias de quedas. Apesar de o governo chinês classificar a desvalorização como pontual, o mercado levantou a suspeita de que ela duraria mais tempo, e indicava uma forte preocupação com a desaceleração da economia do país -um yuan mais fraco tende a tornar os produtos do país mais baratos para o resto do mundo e, consequentemente, a aumentar as exportações. Nesta sexta, a Bolsa em Hong Kong caiu pelo sétimo dia consecutivo, recuando 5,2%, para 21.251 pontos.
Segundo analistas, o movimento foi causado pelo desempenho onshore fraco e porque investidores venderam ativos denominados em yuans após a inesperada desvalorização da moeda chinesa. Na Europa, preocupações com a China também foram sentidas. Às 8h22, Londres caía 2,87%; Paris, 3,19%; Frankfurt, 3,09%; Madri, 2,99%; Milão, 3,26%.
ESTÍMULO A CAMINHO
Segundo o jornal americano "Wall Street Journal", o Banco Central chinês estuda pôr em prática no fim do mês, ou no começo de setembro, uma redução de meio ponto percentual na proporção dos depósitos que os bancos são obrigados a manter como reservas, o que potencialmente disponibilizaria 678 bilhões de yuans (US$ 106,2 bilhões) para emprestarem. Essa seria a terceira redução na taxa de reservas que o BPC realiza neste ano. A iniciativa, entretanto, pode não ser suficiente, porque a economia em desaceleração e a moeda desvalorizada podem deflagrar um fluxo maior de recursos para fora da China.
Outra opção sendo estudada pela instituição é direcionar o corte só aos bancos que emprestam grandes volumes de recursos para empresas pequenas e privadas aquelas consideradas essenciais para o crescimento futuro da China , embora essa estratégia não tenha se mostrado eficaz no passado para canalizar fundos a esses tomadores. O Conselho de Estado chinês também publicou no domingo uma regra permitindo que fundos de pensão administrados por governos locais invistam no mercado acionário pela primeira vez, canalizando potencialmente centenas de bilhões de iuanes para o combalido mercado acionário.
FECHAMENTO DAS BOLSAS ASIÁTICAS
Tóquio registrou baixa de 4,61%. O índice Nikkei perdeu 895,15 pontos, a 18.540,68 unidades.
A Bolsa de Sydney perdeu 4,09%, o menor nível em dois anos. O índice S&P/ASX200 cedeu 213,3 pontos, a 5,001.3 unidades. Taiwan perdeu 4,84% e Seul 2,47%.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 5,17%, para 21.251 pontos.
Em Xangai, o índice SSE perdeu 8,46%, para 3.210 pontos.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, retrocedeu 8,75%, para 3.275 pontos.
Em Seul, o índice Kospi teve desvalorização de 2,47%, para 1.829 pontos.
Em Cingapura, o índice Straits Times desvalorizou-se 4,30%, para 2.843 pontos.