A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) acumulou seu nono pregão de queda em 15 dias úteis de junho na sessão desta segunda-feira. Antecipando uma semana de nervosismo, o investidor optou por acentuar o movimento de realização de lucros (venda de papéis valorizados) já visto desde o início deste mês.
Na Europa e nos EUA, as Bolsas de Valores desabaram, enquanto o dólar valorizou. E num ambiente de maior aversão ao risco, a taxa de câmbio doméstico bateu a marca dos R$ 2, o que não ocorria desde o final de maio.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, perdeu 3,66% no fechamento, aos 49.494 pontos. Trata-se do menor patamar da Bolsa desde o dia 15 de maio deste ano. O giro financeiro foi de R$ 4,62 bilhões, recuperando volume após duas sessões de poucos negócios. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 2,35%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,024, em alta de 2,58%. A taxa de risco-país marca 309 pontos, número 6,18% acima da pontuação anterior. "O mercado está mais ansioso e espera alguma volatilidade até quinta-feira, pelo menos. Por esse motivo alguns já começaram se antecipar, saindo da Bolsa e correndo para o dólar", comenta Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora de câmbio Fourtrade. "As informações que estão vindo do exterior não são nada satisfatórias", acrescenta.
Efetivamente, o saldo negativo de investimentos estrangeiros na Bolsa atingiu a marca de R$ 1 bilhão pela primeira vez desde novembro do ano passado. Até o pregão do dia 17, as vendas de ações por "não-residentes" superaram as compras por R$ 1,304 bilhão.
O dia já começou azedo para os investidores. Tanto o boletim Focus, preparado pelo Banco Central brasileiro, quanto um informe do organismo internacional Banco Mundial, trouxeram projeções mais pessimistas para a economia brasileira e global.
O boletim Focus revelou que a maioria dos economistas do setor financeiro piorou as projeções para a queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro: a contração esperada passou de 0,55% para 0,57%.
Já o Banco Mundial apontou que a economia mundial deve encolher 2,9% neste ano, com uma recuperação de 2% no ano que vem. Os piores números, no entanto, são reservados para as economias mais avançadas: o organismo internacional estima queda de 4,5% para a economia da zona do Euro, de 3% nos Estados Unidos e de 6,8% no Japão. Algumas dessas taxas são ainda piores que as estimativas divulgadas no início do ano.
No caso do Brasil, o organismo estimou uma contração de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano.
"De maneira geral, as novas projeções ficaram mais pessimistas do que as do FMI [Fundo Monetário Internacional] divulgadas em abril", comenta a equipe de analistas do banco Fator, em relatório sobre o mercado financeiro. Para os analistas do Fator, "em nenhum caso se vislumbra recuperação em forma de "V" da economia global", o que tem feito vários investidores e analistas questionaram o período de valorização recente das ações.
A evolução da economia em formato de "V" é uma imagem utilizada por economistas do setor financeiro para representar um cenário de recuperação rápida após o "fundo do poço" da crise global. Ainda de acordo com especialistas de bancos e corretoras, esse "fundo do poço" supostamente já ocorreu entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano.
Empresas
Itaúsa e Ligna anunciaram a fusão das operações de suas controladas Duratex e Satipel, criando, segundo as próprias empresas, a "maior indústria de painéis de madeira industrializada do hemisfério sul" e o "segundo maior produtor de louças sanitárias do Brasil". A ação preferencial da Duratex disparou 7,26% no pregão de hoje.