O Bradesco está confiante de que a aceleração econômica do país o fará melhorar ao longo de 2013, após um resultado sem brilho do primeiro trimestre, com tímida expansão do crédito e recuo da inadimplência.
O segundo maior banco privado do país mostrou nesta segunda-feira que seu estoque de financiamentos cresceu apenas 11,6 por cento no período de 12 meses concluído em março, para 391,68 bilhões de reais. O movimento foi menor do que a previsão feita pelo próprio Bradesco para o ano, de 13 a 17 por cento.
"Já vemos evidências de recuperação econômica mais acelerada", disse a jornalistas o diretor de relações com investidores do banco, Luis Carlos Angelotti, em teleconferência com jornalistas. "Com isso, nossa carteira deve crescer dentro do centro da previsão, ao redor de 15 por cento".
O avanço dos empréstimos no mesmo patamar fraco de 2012 fez o Bradesco apurar de janeiro a março um lucro líquido de 2,92 bilhões de reais, apenas 4,5 por cento maior que no período do ano passado. Na base recorrente, o lucro de 2,94 bilhões de reais subiu só 3,4 por cento no ano a ano e ficou pouco abaixo da previsão de analistas, de 2,98 bilhões de reais.
Ainda assim, o resultado melhor foi garantido por despesas com provisões para perdas com calotes 3,1 menores do que no último quarto de 2012, a 3,1 bilhões de reais, em meio aos esforços do banco para melhorar a qualidade de sua carteira.
De fato, seu índice de inadimplência, medido pelo saldo de operações vencidas há mais de 90 dias, caiu 0,1 ponto percentual nas comparações trimestral e anual, para 4 por cento. E o banco prevê que essa tendência continue.
"Nosso índice de inadimplência deve seguir caindo nos próximos trimestres", disse Angelotti, prevendo que linhas de menor risco, como financiamento imobiliário e consignado, devem ser os líderes da expansão da carteira do banco neste ano.
Da janeiro a março, linhas mais seguras, incluindo a de grandes empresas, foram as que mais cresceram. O crédito imobiliário para pessoa física deu um salto de 33 por cento, enquanto o consignado evoluiu 22 por cento, ambos em 12 meses.
Um efeito menos animador da melhora na qualidade da carteira foi a pressão sobre a margem financeira bruta, que ficou em 7,41 bilhões de reais, alta anual de 3,2 por cento, mas queda de 1,5 por cento na base sequencial.
Além disso, a rentabilidade sobre o patrimônio, índice usado para medir como os bancos remuneram o capital dos acionistas, ficou em 19,5 por cento, ante 21,4 por cento um ano antes.
Para analistas do Goldman Sachs liderados por Carlos Macedo, a pressão sobre as margens que já vinha atingindo os demais bancos nos últimos trimestres parece ter atingido o Bradesco, fazendo que a expectativa de crescimento das margens líquidas para o ano, de 7 a 11 por cento, se tornarem desafiadoras.
"No entanto, o controle de custos administrativos poderia compensar os estragos, assim como despesas menores com provisões", afirmaram os analistas em relatório, em que seguiram com a recomendação de manutenção para as ações do banco.
Às 14h35, a ação do Bradesco caía 0,40 por cento na Bovespa. No mesmo instante, o Ibovespa tinha leve alta de 0,26 por cento.