O Brasil perdeu três posições no ranking mundial de competitividade em 2014, despencando 16 posições nos quatro últimos anos, com piora da eficiência das empresas brasileiras em um ambiente de inflação elevada e baixa performance no comércio exterior, informou o International Institute for Management Development (IMD) na quinta-feira.
De acordo com o Índice de Competitividade Mundial 2014, o País passou para o 54º lugar no ranking geral composto por 60 países, ficando à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. A dianteira pertence aos Estados Unidos.
Com o desempenho desse ano, o Brasil perdeu 16 posições nos últimos quatro anos, depois de atingir em 2010 o 38º lugar na classificação. A piora coincide com maior fragilidade da economia vista no governo da presidente Dilma Rousseff, que buscará reeleição no pleito de outubro.
Nos três primeiros anos do mandato de Dilma, o Brasil cresceu, em média, 2% ao ano, bem abaixo dos 3,7% anuais na década anterior ao seu governo. Para 2014, a projeção de economistas é de alta ainda mais modesta do Produto Interno Bruto (PIB), pouco acima de 1,5%.
Produtividade
A piora da eficiência das empresas brasileiras foi apontada como a principal causa do recuo no ranking deste ano. O destaque ficou com produtividade, onde o Brasil é o segundo pior país do ranking, à frente apenas da Venezuela.
O professor da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda, responsável pela coleta e análise dos dados do ranking relacionados ao Brasil, disse, por meio de nota, haver desânimo competitivo no país que pode levar a um "ciclo vicioso de pessimismo empresarial e perda de competitividade geral".
Arruda citou que esse desalento já afetou países como Argentina, África do Sul e Turquia, nos quais "após alguns anos de perda de performance econômica e de eficiência de governo, perderam a sua capacidade de agir proativamente".
Segundo o relatório do IMD, o ambiente institucional e regulatório também continua afetando o desempenho do Brasil. "O País está entre os piores ambientes para se fazer negócios no mundo, com alta carga tributária direta e indireta, taxas de juros de curto e longo prazos que desestimulam o investimento na produção e no crescimento das empresas", informou o relatório.
O comércio exterior também impactou o Brasil. O País ficou na última posição no indicador que mede o comércio em relação ao PIB, em meio ao declínio de exportações para Argentina, União Europeia e Estados Unidos e aumento de importações da China, conforme o relatório.
No ano passado, o Brasil registrou superávit comercial de apenas US$ 2,561 bilhões, o pior desempenho desde 2000.
O ranking de competitividade deste ano foi feito com base nos dados de 2013 e a partir de pesquisa com cerca de cem executivos de empresas no Brasil.
Dados positivos e emergentes
Apesar do mau desempenho no geral, o IMD citou pontos positivos da economia brasileira, como o tamanho do mercado doméstico, atração de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) e o mercado de trabalho.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, o Brasil criou 4,854 milhões de empregos formais de 2011 até março passado. No ano passado, o Brasil atraiu 64,045 bilhões de dólares em IED.
O IMD informou que a maioria dos mercados emergentes perdeu posições no ranking de competitividade por conta de lento crescimento econômico "apoiado no baixo investimento estrangeiro, além de uma infraestrutura inadequada". "Um olhar geral sobre o panorama de competitividade em 2014 aponta o sucesso contínuo dos Estados Unidos, uma recuperação parcial na Europa e desafios para alguns dos grandes mercados emergentes", avaliou o diretor do Centro de Competitividade do IMD, Arturo Bris, por meio de nota.