Dados divulgados nesta sexta-feira (20) pelo Eurostat (escritório de estatística da União Europeia) mostram que o Brasil foi o segundo país que mais enviou recursos para investimentos produtivos na região em 2013.
Os europeus registraram a entrada de ? 21 bilhões (cerca de R$ 65 bilhões) vindos do Brasil. O país ficou atrás apenas dos EUA, que enviaram à região ? 313 bilhões em investimentos diretos.
Esses recursos são normalmente utilizados na compra de participação em empresas ou na ampliação da capacidade de produção.
O valor remetido pelo Brasil no ano passado representa um incremento relevante em relação ao verificado pelo Eurostat em 2012. Naquele ano, o escritório havia registrado uma saída de ? 3 bilhões em recursos brasileiros.
Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet (sociedade de estudos de empresas transnacionais), afirma que, nos últimos anos, brasileiros aproveitaram a crise europeia para adquirir empresas na região por um valor mais baixo. Os principais alvos foram em Portugal e na Espanha.
O objetivo é produzir mais perto dos seus mercados consumidores e driblar barreiras comerciais, na ausência de acordos de livre-comércio entre Brasil e União Europeia.
"As empresas relatam que são mais competitivas instalando-se lá do que exportando para estes países", diz ele.
Os números do Eurostat são superiores aos registrados pelo Banco Central do Brasil, que contabilizou uma saída total de investimento produtivo de US$ 24 bilhões (? 17 bilhões) em 2013.
Os países têm metodologia distinta para medir investimento produtivo e, por isso, têm resultados diferentes.
Porém, a estatística brasileira informa que a Europa é o principal destino dos investimentos no exterior, com 42% do total. EUA e Canadá vêm em seguida, com 33%.
Lima observa que os europeus vêm perdendo participação, com a emergência de africanos como opção para as empresas brasileiras.
A Eurostat informa que o país que mais recebeu recursos do Brasil na União Europeia foi Luxemburgo, que funciona como uma central de distribuição de investimentos devido a vantagens tributárias que oferece a empresas que entrem no país.
Levantamento da Sobeet, que expurga esse efeito, indica que Espanha e Hungria foram os preferidos em 2012.
No ano passado, segundo o Eurostat, o Brasil recebeu ? 35,6 bilhões em investimentos da União Europeia (R$ 107 bilhões), o terceiro destino.