O Brasil irá propor durante a Cúpula do Mercosul, na próxima terça-feira (29), que o bloco antecipe a criação de uma área de livre comércio com Colômbia, Peru e Chile.
A ideia é que as tarifas de importação, previstas para serem eliminadas em 2019, sejam extintas já em dezembro deste ano.
Segundo o Embaixador Antônio Simões, subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe, caso haja concordância dos demais membros do bloco, haverá então a consulta aos três países. A ideia já vinha sendo "ventilada" pelo Brasil desde o ano passado.
Há acordos e cronogramas específicos desenhados entre cada país do Mercosul e o parceiro. Por isso, há níveis diferentes de avanço.
"Não há uma lista única do Mercosul. É uma teia. Em alguns casos falta pouco, em outros falta mais", afirmou.
UNIÃO EUROPEIA
A proposta de criação de um tratado de livre comércio com a União Europeia também será discutida no encontro. O Embaixador não quis esclarecer, contudo, se está prevista a finalização da proposta do bloco para os europeus.
Desde o início do ano, técnicos de Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina negociam o teor da oferta que será apresentada, mas ainda está pendente a rodada de conversas ministeriais sobre a proposta. A Venezuela não participa das tratativas.
"Nunca estivemos tão próximos em relação à negociação Mercosul e União Europeia", afirmou.
A troca de ofertas entre os dois blocos deveria ter ocorrido em dezembro do ano passado, mas foi adiada a pedidos dos europeus. Até o momento, não foi definida uma nova data.
"Foi feito um esforço muito grande nesse semestre da parte do Mercosul. Com a visita do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ficou muito claro que seria interessante que a União Europeia também fizesse esforços", afirmou o embaixador.
Barroso, em passagem pelo Brasil, reafirmou o interesse dos europeus em negociar e disse não entender a falta de avanço nas conversas com o Mercosul.
O presidente da Comissão Europeia, que está no final de seu mandato, chegou a sugerir que o Brasil considerasse seguir nas conversas de forma independente, deixando o debate sobre a lista comum de lado e acelerando o processo.
OPORTUNIDADES
Questionado se a ideia de acelerar a criação da zona de livre comércio com os três países sul-americanos seria uma forma de compensar o atraso nas negociações com os europeus, o embaixador Simões afirmou que "uma coisa não tem nada a ver com a outra".
"Quem trata de comércio, está sempre buscando oportunidades. Podemos avançar nisso e na União Europeia também", afirmou.
Simões lembrou ainda que, ao longo do último ano, foram feitas mais de cem reuniões de órgãos técnicos do Mercosul sobre diversos temas, e que o parlamento da união aduaneira também foi reativado.
"O Mercosul não funciona só quando tem a cúpula, é uma atividade constante", disse.
Ele citou, por exemplo, os debates a cerca da criação de uma placa automotiva comum aos países do Mercosul.