O Brasil precisa investir 800 bilhões de reais para superar seu déficit de infraestrutura de transporte que "trava o crescimento econômico" do país, disse nesta quarta-feira (4/9) o presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clesio Andrade.
"A falta de infraestrutura de transporte está dificultando o crescimento econômico", afirmou Andrade em uma entrevista com correspondentes. "O país precisa investir pelo menos 800 bilhões de reais em infraestrutura de transporte e logística", um quarto desse valor em mobilidade urbana, explicou.
Grande produtor de alimentos e matérias-primas, o país paga entre 20% e 25% de custo extra com logística devido às insuficiências em estradas, portos e aeroportos, explicou.
A deficiência de transporte público nas grandes cidades é outro grande problema, em um país que coloca mais de 3,5 milhões de carros novos em circulação em suas ruas por ano. O setor aposta nas multimilionárias licitações previstas pelo governo para este ano.
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O governo da presidente Dilma Rousseff pretende lançar um pacote de licitações que contempla 12 trechos de ferrovias de carga, melhoras em 16 grandes portos, a duplicação de quatro estradas nacionais e a concessão dos aeroportos do Galeão no Rio de Janeiro e Confins em Belo Horizonte.
No total, são investimentos que alcançam 205 bilhões de reais. O Brasil também anunciou um pacote de 50 bilhões de reais para mobilidade urbana.
"São bons projetos; não solucionan a questão da infaestrutura de transportes, mas são um avanço para o Brasil", destacou Andrade, também senador do Partido do Movimento Democrático (PMDB), aliado do governo. "Percebemos que existe um grande interesse do investimento estrangeiro" nessas grandes licitações, afirmou.
Contudo, também criticou a lentidão do Executivo em fazer esses projetos avançar, assim como "problemas de burocracia, conflitos entre os organismos" e os requerimentos governamentais que possam coibir o interesse do investimento privado.
Segundo a CNT, no Brasil existem 1,7 milhão de km de estradas, mas apenas 202.000 km têm asfalto e apenas 5.000 km de suas estradas nacionais são de pista dupla.