De acordo com um relatório do órgão, intitulado Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe, a economia brasileira deve crescer 2,6% no ano que vem, enquanto que a América Latina e o Caribe devem ter um crescimento médio estimado em 3,2%.
Em 2010, o último ano em que o Brasil superou a média latino-americana e caribenha, o país cresceu 7,5%, enquanto a região fechou o período avançando 5,9% (de acordo com a própria Cepal).
Os dados fazem parte do relatório Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe e foram divulgados à imprensa na sede do organismo em Santiago, no Chile.
O secretário executivo da Cepal, o economista brasileiro Antonio Prado, explicou os resultados dizendo que a economia brasileira recebe "influência muito grande da situação internacional".
?Quando se tem um contexto no qual a economia internacional cresce pouco, principalmente os Estados Unidos e a Europa, surge há reflexo no crescimento do Brasil?, disse à BBC Brasil por telefone, de Santiago do Chile.
Segundo ele, as economias dos Estados Unidos e da Europa são "muito importantes" porque existe no Brasil "alto estoque de investimentos de empresas americanas e europeias".
O Brasil também já havia fica abaixo da média de crescimento esperado para os países emergentes em uma projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgada em outubro: A previsão para o PIB brasileiro em 2013 foi mantida pelo fundo em 2,5%, mas com recuo de 0,7 ponto percentual no próximo ano.
Já o último boletim Focus, do Banco Central, diz que a economia brasileira deverá avançar 2,13% em 2014 e 2,5% neste ano.
"Oportunidades e ameaças"
Um comunicado da Cepal com conclusões do relatório prevê que as economias que mais deverão ser crescer no ano que vem serão Panamá, com 7%, e Bolívia e Peru, com 5,5%.
"O cenário da economia mundial em 2014 acarreta para a América Latina e para o Caribe oportunidades e ameaças", afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, ao apresentar o relatório.
Segundo ela, entre as "oportunidades" estão o "aumento no comércio internacional e a possibilidade de aproveitar as desvalorizações cambiais" que estão ocorrendo para garantir, disse, "mudanças sustentadas dos preços relativos".
Entre as ameaças que a região deverá enfrentar, disse Bárcena, encontram-se a "persistente volatilidade na economia global e um maior custo do financiamento externo, assim como uma menor contribuição do consumo ao crescimento do PIB e uma deterioração da conta corrente regional".
A Cepal afirma que espera-se para 2014 um cenário externo "moderadamente mais favorável" do que em 2013, que "contribua para aumentar a demanda externa e, portanto, as exportações da região".
A organização diz ainda que o consumo privado continuará se expandindo no ano que vem, ainda que a taxas mais baixas do que em períodos anteriores, enquanto se mantém o desafio de aumentar o investimento na região.
No caso brasileiro, o economista Antonio Prado observou que apesar do baixo crescimento, o país reduziu o desemprego nos últimos anos e tem mantido a geração de postos de trabalho.
"Se crescesse mais, claro, que a pobreza cairia mais e a desigualdade também", disse.
Juros
Segundo a Cepal, em 2013, ocorreu um panorama de menor inflação, de desaceleração do crescimento econômico e de instabilidade financeira, quando vários países da região aplicaram políticas "contracíclicas direcionadas a sustentar a demanda interna e a enfrentar a volatilidade financeira internacional".
O Brasil, porém, foi a "exceção" na região na política de redução das taxas de juros, diz o comunicado.
Sem fazer referência específica a algum país, no comunicado informa-se também que a instabilidade financeira provocou menor acumulação de reservas internacionais e alguns países implementaram medidas para evitar maiores flutuações cambiais.
Este ano, a Argentina, por exemplo, registrou forte queda no seu nível de reservas internacionais.