A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (30), em Nova Déli, na Índia, que os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão transmitir "uma forte mensagem de coesão política" na próxima reunião da cúpula do G20, formado por países desenvolvidos e emergentes. O encontro será em junho próximo, no México.
Ao falar sobre a crise financeira internacional, ela afirmou que os Brics têm "muito o que transmitir como experiência para todos os países em desenvolvimento".
"Todos nós aqui sabemos que o mundo vive uma grave crise econômica, que expôs a fragilidade da governança internacional, que expôs o absoluto descontrole das relações financeiras dos países desenvolvidos. [...] Mas o potencial das nossas economias [dos Brics] é inquestionável. Primeiro porque nós temos hoje um padrão de crescimento que é virtuoso.[...] Temos, portanto, um quadro imenso de perspectivas a nossa frente", disse a presidente em discurso durante o Seminário Empresarial Brasil - Índia: uma nova fronteira para oportunidade de negócios, que reuniu empresários brasileiros e indianos.
A presidente afirmou ainda, durante o discurso, que Brasil e Índia têm "sólidas credenciais" para lutar contra os efeitos das políticas monetários expansionistas dos países desenvolvidos, as quais Dilma tem criticado fortemente no último mês. No começo do mês, ela classificou de "tsunami monetário" a injeção de dólares nos mercados, inclusive no brasileiro, o que valorizou o real e prejudicou a indústria.
"Somos, sem sombra de dúvida, favoráveis à superação da crise na Europa. Achamos que houve uma melhora na medida em que foi evitada uma crise mais aguda, uma crise monetária mais aguda e acreditamos que é imprescindível que os países desenvolvidos tomem medidas efetivas para garantir a retomada da economia mundial", completou a presidente, que destacou que os emergentes "são hoje os grandes responsáveis pelo crescimento da economia internacional".
Em diversos momentos, a presidente ressaltou que Índia e Brasil são "parceiros estratégicos" e que as relações "representam importante fonte de dinamismo para a economia internacional".
"Eu tenho certeza que o dinamismo característico das nossas economias permitirá que superemos no melhor sentido esta fase crítica da economia internacional."
A presidente também citou as relaçõs históricas entre comerciantes brasileiros e indianos e afirmou que os dois países podem fazer deste século a "nova Carreira das Índias".
"Sempre os navios que vinham da Índia ou que iam para Índia tinham uma passagem pelos portos brasileiros. [...] Portanto, as insistências desses comerciantes brasileiros e indianos que, no passado, diante de tantas dificuldades conseguiram se relacionar, agora, quando os dois países têm a sua soberania conquistada e implantada, é justo que nós façamos uma nova carreira das Índias e que tenhamos, entre nós, uma relação muito efetiva entre empresários brasileiros, comerciantes, e que vão investir, cada um, nesses países e entre, também, seus governos. [...] Esse século XXI é o século dessa nova Carreira das Índias."
Antes, em declaração à imprensa ao lado do primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, ela já havia destacado as relações entre os dois países. Ela aproveitou a fala para pedir que Brasil e Índia tenham assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
"A Índia e o Brasil estão ainda unidos na luta pela reforma das Nações Unidas, onde, juntos, em um Conselho de Segurança ampliado, poderemos oferecer importante contribuição para o sistema internacional, hoje carente de legitimidade e de eficácia."
Na quinta, a presidente brasileira participou da IV Cúpula dos Brics. Ela deve voltar ao Brasil neste fim de semana e prometeu apresentar medidas de estímulo à economia brasileira, com desoneração às indústrias nacionais.