A dificuldade para montar e viabilizar mi-cro e pequenas empresas no Brasil ainda é um problema que está longe de ser resolvido. Muito embora o governo tenha lançado linhas de crédito privilegiadas através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a prática em relação a conseguir esses financiamentos ainda está bem distante das facilidades pregadas na teoria.
De acordo com a experiência vivida e relatada por pessoas que tentam viabilizar seus negócios, os entraves para conseguir financiamentos são inúmeros e esbarram, principalmente, na burocracia.
Para se ter uma ideia, se olharmos os países com os quais a economia brasileira está mais ou menos equiparada, como a China, a previsão para a criação de uma empresa acontece em apenas 40 dias. Enquanto isso, no Brasil esse processo pode durar entre seis a nove meses.
Conseguir linhas de crédito específicas para a implantação de um empreendimento de pequeno e médio porte não é fácil. Para aquelas empresas já instaladas e que possuem algum problema de inadimplência, simplesmente é impossível ter acesso ao crédito e, portanto, elas não podem se beneficiar de tal modalidade. Ou seja, a situação das micro e pequenas empresas tende a ficar cada vez mais complicada com a retração do mercado.
Burocracia e morosidade são alguns dos principais obstáculos encontrados pelo engenheiro e microempresário, Plínio Marcus Mascarenhas, que há cerca de cinco meses está empenhado na implantação do seu próprio negócio.
Ele revela que, ao decidir montar seu empreendimento, buscou informações sobre as linhas de crédito disponíveis no mercado e as informações que obteve não foram animadoras.
?Quando pensa em montar um negócio, em geral, o empresário está atrás de crédito para a implantação do mesmo.
Na teoria, aqui no Piauí teríamos, de forma direta, o Banco do Nordeste e o Piauí Fomento. Além disso, há as linhas de financiamento do BNDES, que por não possuir agência física aqui, tem seus produtos ofertados por outras instituições financeiras, indiretamente?, revela o engenheiro.
Na teoria, os financiamentos existem, mas se torna inacessível por conta das solicitações improcedentes para as novas empresas que recorrem às verbas, especialmente para a fase de implantação.
?Na prática não existem facilidades para conseguir esse crédito porque os bancos fazem solicitações como os balancetes do faturamento dos últimos 12 meses da empresa.
Se eu estou buscando crédito para a instalação da empresa, é claro que não vou ter esses dados para apresentar. A verba pode servir para a ampliação da empresa, para usar como capital de giro, mas nunca para ajudar um novo negócio a surgir?, declara Plínio Marcus.