Chuvas animam pequenos produtores de mandioca de assentamento no PI

Em Miguel Leão, os produtores de mandioca estão comemorando a excelente colheita, mas ainda dependem de uma casa de farinha

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Os pequenos produtores do Assentamento Grajau (Nova Residência), no município de Miguel Leão, começaram a colher a primeira safra de mandioca, produto que serve para fazer farinha e tapioca e casca é aproveitada como ração animal. De acordo com secretário municipal de Agricultura, Francisco das Chagas Lopes, o Sinhô, a produção vai ser consumida pelas famílias do Assentamento e também será comercializada nos municípios vizinhos.

?A demanda pela farinha é cada vez maior e isso tem animado os agricultores?, falou o secretário. A safra de mandioca trará também animação para os consumidores que ainda estão tendo de comprar a farinha por um preço bastante elevado. Mas para o agricultor, a compensação só é possível caso ele possa agregar valor à produção.

O agricultor do município, João Brito de Araújo, de 67 anos e pai de 10 filhos, ainda encontra forças para plantar mandioca e outros produtos alimentares. Ele conta que recentemente vendeu mil quilos de mandioca, mas reclama do preço, R$ 0,30 centavos o quilo, embora, o quilo de farinha esteja custando cerca de R$ 7,00 nos supermercados.

Mesmo amargando prejuízos, ele não desiste. ?Já estou plantando feijão e milho, não devo lucrar essas coisas, mas isso aqui é minha vida?, afirma. Seu João ao lado da esposa, Josa, ainda possuem uma criação de galinhas. ? Isso aqui é para nosso consumo próprio, dos filhos, netos e quem chegar?, brinca dona Josa.

O impacto da chegada das chuvas já é visível no município de Miguel Leão. Toda a paisagem da região foi transformada, de terra seca passou a verdes campos. Esse clima de inverno animou os pequenos produtores rurais a dar início as suas plantações de feijão, milho, arroz e mandioca.

Mas as esperanças dessas famílias de produtores poderiam estar mais renovadas se o projeto da Casa de Farinha? tivesse sido executado.

Segundo o secretário municipal de Agricultura, Francisco das Chagas Lopes, o Sinhô, a Casa de Farinha do município de Miguel Leão se encontra licitada, mas nunca foi liberada da Secretaria de Desenvolvimento Rural. ?Está em cima da mesa do secretário, e eu garanto que não falta nada para ser liberada, porque tudo que nos foi pedido, entregamos. Eu só lamento pelos agricultores, que são os maiores prejudicados?, declara ele.

O secretário municipal de Agricultura faz um apelo para que o projeto seja liberado logo para que os agricultores possam ampliar os plantios de mandioca. Com isso, segundo o secretário, o município, que tem muito potencial nesta área, vai poder colocar no mercado farinha e tapioca de qualidade, ajudando a dar um equilíbrio nos preços.

Com casa de farinha, a produção será ampliada

O secretário de Agricultura de Miguel Leão, Francisco das Chagas Lopes, o Sinhô, disse que a produção de mandioca do município seria bem maior se existisse a casa de farinhada. ?Porque nós poderíamos exportar a farinha, a goma, mas como não temos o local para fabricar, os agricultores vendem a raiz por um preço irrisório?, lamenta. Mas otimismo é o que não falta para os agricultores familiares do município.

É o caso da dona Maria do Socorro Silva, 67 anos, quebradeira de coco. ?Eu continuo tirando meu azeite de coco, pode até dar trabalho, mas comida temperada com azeite é outra coisa?, comenta sorrindo, entre uma machada e outra. Todos os produtores ouvidos para a reportagem moram no assentamento Grajau (Nova Residência), em Miguel Leão.

Para o outro casal de agricultores, Alcirene Maria e Antônio Ferreira, o clima seco é coisa do passado. ?Com as chuvas, nossa preocupação foi embora?, diz Antônio. E o alívio chegou para eles. Na última terça-feira (21), enquanto Maria plantava feijão, o marido limpava o mato em volta dos pés de mandioca na perspectiva de conseguir este ano uma excelente safra. ?Se eu não tirar o mato, a mandioca não presta. Essa trabalheira toda é para se ter uma safra boa, coisa que só vai chegar daqui a mais ou menos um ano e meio?, explica o agricultor.

E por causa da chuva, os vizinhos seguem plantando e felizes, a exemplo também do seu Mário de Sousa, de 65 anos. ?Já sou aposentado, mas sempre vivi de roça, quem manda na gente é o inverno?, filosofa ele, que tem a perspectiva de boa safra.

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