A fatura da casa própria está mais pesada. Com a alta dos juros promovida pelo Banco Central, um dos índices que corrige os financiamentos imobiliários, a Taxa Referencial (TR), também tem crescido e onerado os saldos devedores dos contratos. Enquanto o BC der continuidade ao processo de aperto monetário, o sonho de ter uma moradia continuará ficando mais caro. Em um empréstimo de R$ 300 mil, por exemplo, que sofreu reajuste anual em 5 de novembro, o incremento da dívida chegou a R$ 283,86 só por conta da TR. Se os juros cobrados pelo banco forem de 10% ao ano, o aumento total chega a quase R$ 30,3 mil em 12 meses, de acordo com cálculos de especialistas.
A TR, que estava praticamente zerada até julho, começou a crescer depois que o BC deu início à elevação da taxa básica de juros (Selic). De 7,25% ao ano, em março, a Selic chegou a 9,50%, em outubro, levando com ela os demais juros do mercado. O efeito nos contratos imobiliários, no entanto, não é uniforme. ?Tudo depende do tamanho da operação e do prazo do financiamento. Quanto maior o valor, mais forte é o impacto?, explicou Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC.
Em 19 de novembro, por exemplo, a TR foi de 0,0785%. Um saldo devedor de R$ 100 mil, com aniversário naquele dia, cresceu R$ 78,50, sem contar os juros. O consumidor quase nunca percebe esses aumentos porque olha apenas para a prestação, que dissolve o valor ao longo do ano. Ao analisar o financiamento a fundo, porém, é possível observar como os juros são muito superiores à parcela de amortização. Em função disso, para quem tem um contrato pela tabela SAC (Sistema de Amortizações Constantes), é vantajoso adiantar parcelas e, se possível, usar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para abater o montante devido.