Um dos principais indicadores da saúde financeira de um país, as contas externas brasileiras (resultado da balança comercial, balança de serviços e transferências unilaterais, como remessas de lucros e doações) apresentaram um déficit de US$ 33,476 bilhões no período de janeiro a abril deste ano, segundo informou nesta sexta-feira o Banco Central (BC). O resultado negativo, o pior da História, correspondeu a 4,65% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país).
Nos quatro primeiros meses do ano passado, o resultado negativo havia somado US$ 32,939 bilhões ? o equivalente a 4,55% do Produto Interno Bruto. Para 2014, o BC continua apostando em um saldo negativo acumulado de US$ 80 bilhões, ou 3,59% do PIB.
Em abril, o déficit foi de US$ 8,291 bilhões, recorde para esse mês e afetado por elevadas remessas de lucros e dividendos, ao mesmo tempo em que os investimentos produtivos de fora não cobriram o rombo, algo que se repete desde novembro passado.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a autoridade monetária estima um déficit de US$ 6 bilhões em transações correntes em maio. O valor deverá menor do que o apurado em abril, entre outras razões, por causa da melhora do desempenho da balança comercial brasileira.
- O resultado é menor pela reação da balança comercial e a evolução mais moderada de despesas em viagens - disse Maciel, acrescentando que o déficit em abril acabou ficando acima do projetado anteriormente pelo Banco Central, de US$ 7,8 bilhões, devido às contas de renda e serviços.
- As contas de renda e serviços tiveram despesas um pouco maiores. Na parte de serviços, cabe destacar o crescimento maior, principalmente, das viagens internacionais - acrescentou.
Gastos com viagens
Os gastos com viagens, especificamente, tiveram um desempenho negativo de US$ 5,9 bilhões. As despesas no exterior em abril somaram US$ 2,344 bilhões , totalizando no primeiro quadrimestre US$ 8,218 bilhões. Foram os mais altos de todos os tempos.
Em 12 meses encerrados em abril, o déficit em conta corrente representou 3,65% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta sexta-feira, com os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no país somando US$ 5,233 bilhões.
O saldo negativo da conta corrente veio pior do que o esperado por economistas consultados pela Reuters, de US$ 6,7 bilhões em abril, e até que a projeção do próprio BC (US$ 7,8 bilhões). A pesquisa Reuters também indicou que as expectativas eram de que o IED ficaria em US$ 5,4 bilhões no mês passado.
Túlio Maciel afirmou que o BC projeta para maio US$ 5 bilhões em Investimento Estrangeiro Direto (IED), ante US$ 5,233 bilhões em abril. Até o último dia 21 deste mês, o IED totalizou US$ 4,1 bilhões. No acumulado do ano, a conta ficou em US$ 19,404 bilhões, ante US$ 18,975 bilhões no período de janeiro a abril do ano passado. Em 12 meses, o IED totalizou US$ 64,475, o equivalente a 2,88% do PIB.
O rombo nas transações correntes ? operações do Brasil com o exterior, como balança comercial e serviços ? foi impactado sobretudo pelas remessas de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no país, que somaram US$ 3,291 bilhões em abril, ante US$ 2,542 bilhão em igual mês do ano passado.
Também continuou pesando a balança comercial, que registrou um déficit de US$ 5,66 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. Na parte de serviços, que inclui viagens, transportes, aluguel de equipamentos, entre outros, houve um saldo negativo de US$ 4,364 bilhões.
Já a conta capital e financeira, que abrange uma série de operações, entre as quais investimentos estrangeiros no Brasil e brasileiros no exterior ficou positiva em US$ 38,273 bilhões.