Com o término do segundo turno das eleições municipais e o retorno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dos Estados Unidos nesta segunda-feira (28), o mercado financeiro aguarda propostas do governo para a redução de gastos públicos.
Essa expectativa se baseia nas declarações da equipe econômica. Em meados de outubro, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou que o núcleo econômico do governo apresentaria ao Legislativo, após o período eleitoral, medidas para conter despesas. "É hora de levar a sério a revisão de gastos estruturais", afirmou na ocasião.
No entanto, antes de serem divulgadas, essas medidas ainda precisam ser apresentadas e aprovadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem mostrado resistência em implementar ações que possam afetar a população mais vulnerável.
Há expectativa de que o ministro Fernando Haddad se encontre com o presidente da República até esta terça-feira (29). Nesta segunda, Lula se reuniu com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, crítica do corte de despesas.
Medidas para conter o forte crescimento dos gastos públicos têm sido cobradas por analistas desde o começo do governo. Mas o coro se intensificou nos últimos meses — com o aumento da dívida pública e com o uso de artifícios por parte do governo, como gastos fora da meta fiscal e até mesmo do orçamento.
De acordo com os economistas Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos, em análise contida no boletim Macro de outubro da FGV Ibre, o ajuste nas contas públicas é "necessário e urgente".
"Desde o final de 2022, o Brasil vem experimentando uma sensível deterioração fiscal, com forte aumento dos gastos e persistente elevação da dívida pública. Isso sem que sejam adotadas medidas capazes de dar resposta adequada aos riscos daí decorrentes", diz o boletim.