A persistência das dívidas em atraso no país em patamares elevados é um sinal de alerta. A taxa de inadimplência fechou 2012 em 7,9% --considerando atrasos superiores a 90 dias--, nível em que se manteve durante praticamente todo o segundo semestre.
Depois que os calotes atingiram o pico em maio do ano passado, em justamente 7,9%, o Banco Central projetava queda gradual, em cenário de juros mais baixos. O que houve, porém, foi um leve recuo para 7,8%, com nova alta no fechamento do ano
Para quem quer sair da lista de devedores, ou não deseja correr o risco de entrar nela, seguem orientações de especialistas.
Com um bom planejamento, é possível administrar os débitos e fugir do superendividamento.
A primeira recomendação é que o consumidor faça um mapa das dívidas que possui. Em seguida, deve-se estabelecer uma ordem de prioridade de pagamento desses débitos, começando pelos mais caros: ou seja, os que têm juros mais altos. Isso vai ajudar a fazer com que o valor total das dívidas pare de crescer por causa de juros elevados.
Depois, a orientação é tentar negociar com o maior número possível de credores. Em geral, eles facilitam o pagamento para começar a receber ao menos parte dos valores. Quem se recusar a negociar vai para o fim da fila.
Além disso, uma estratégia que pode ajudar é incrementar a receita com um trabalho temporário ou vendendo algo --uma coleção de discos, por exemplo.
É possível também pegar um empréstimo para pagar a dívida, mas isso só é um bom negócio se os juros da nova forem menores do que os da antiga.
Uma situação em que essa prática tende a ser vantajosa é quando se deve no cartão de crédito, que costuma ter os juros mais altos entre as modalidades de crédito.
O mesmo vale para os investimentos: aplicar o dinheiro em vez de pagar uma dívida só vale a pena se o investimento render mais do que os juros da dívida --o que costuma ser raro.
O consumidor endividado pode também procurar ajuda. O Procon-SP, por exemplo, oferece um serviço de apoio ao superendividado.
PREVENÇÃO
Para o consumidor não se enrolar novamente nos gastos depois de ter se livrado das dívidas, o educador financeiro Reinaldo Domingos propõe uma metodologia com quatro passos.
O primeiro é colocar na ponta do lápis o quanto se ganha e o quanto se gasta por mês e cortar as despesas supérfulas. Na avaliação de Domingos, as famílias têm, em geral, pelo menos 20% dos gastos que são excessivos e, portanto, podem ser cortados sem grandes dificuldades.
O segundo passo é discutir os sonhos que a família pretende alcançar, como fazer uma viagem ou comprar um imóvel. O terceiro passo é traçar um planejamento para alcançá-los. Ou seja: calcular quanto precisa ser poupado por mês para que esse sonho possa se tornar realidade.
Por último, é precido adequar o padrão de vida e os hábitos de consumo da família ao projeto estabelecido, tomando cuidado para não ultrapassar os limites de gastos que cabem no orçamento nem deixar de poupar, mensalmente, o dinheiro para realizar os sonhos. "Nunca tenha, por exemplo, um cartão de crédito com limite superior a 50% do seu salário", afirma Domingos.