Assim como puxou a inflação oficial de 2012, de 5,84%, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário das empregadas domésticas também foi o maior impacto na inflação da terceira idade, que em 2012 ficou em 5,82%, divulgou nesta segunda-feira (14) a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o salário do empregado doméstico compromete 6% no orçamento do idoso, sendo um serviço muito necessário para os mais velhos e, em 2012, acumulou alta de 10,1%.
O salário dos empregados integra o item habitação na pesquisa da FGV, e foi o grupo que mais pesou na inflação da terceira idade. Teve alta de 6,34% no acumulado de 2012, enquanto em 2011 marcou 5,63%.
Mas o economista acredita que em 2013 esse item não deverá pesar no bolso do idoso mais do que pesou em 2012, isso por que os salários dos domésticos não devem ultrapassar a alta média do salário mínimo.
?Os aumentos não devem se distanciar do salário mínimo. Além disso, o efeito mais forte da migração da mão de obra doméstica para outras opções já aconteceu, com isso, não deve haver uma restrição de oferta?, disse Braz.
Apesar de terem registrado queda no quarto trimestre de 2012 em relação ao trimestre anterior (de 4% para 2,13%), no acumulado do ano os alimentos tiveram alta de 9,30% na comparação com 2011.
?Houve aumentos em alimentos importantes na dieta dos idosos como arroz e feijão. Em 12 meses os dois apresentam alta de 35,7%. Isso foi muito percebido pelo idoso. Também houve aumento forte em hortaliças e legumes, que idoso usa em sua dieta. A feira-livre é uma coisa que o idoso faz com muito carinho. Foram 28,7% de alta em 12%. Também proteínas, aves e ovos tiveram aumento de 11% em 12 meses?, disse Braz, ressaltando ainda que para o idoso, comer fora de casa subiu 7,3% em 2012, bem acima da média da inflação de 5,82% dos idosos.
Os itens habitação e alimentação somam 50% do orçamento dos idosos, disse o economista.
O cigarro também pesou no bolso dos idosos, tiveram 9,67% de alta no ano de 2012.
?Os cigarros ficam dentro das despesas diversas, e subiram muito. É um hábito que grande parte dos idosos ainda tem?, explicou Braz.
O economista espera para 2013 um alívio no bolso dos idosos.
?É bem possível que o alimento suba menos devido à perspectiva de boa de safra, que vai beneficiar oferta de arroz e feijão. E o preço em alta seduz o plantio. O setor de habitação deve também refrear a alta, por conta da desoneração esperada para a energia elétrica. Alguma queda na tarifa de energia vai ter, e é bem-vinda porque o idoso usa muito, pois fica muito em casa?, disse.
O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a inflação para a população acima de 60 anos, registrou variação de 1,59% no quarto trimestre de 2012, fechando o ano em 5,82%, de acordo com levantamento da Fundação Getulio Vargas divulgado nesta segunda-feira (14). Por pouco a inflação da terceira idade não superou a oficial (Índice de Preços ao Consumidor - Amplo), que fechou o ano em 5,84%.