A pressão do governo federal para que os bancos reduzam os juros tem surtido grande efeito no financiamento de veículos. Quase todas as grandes instituições que cortaram taxas de consumidores e empresas até agora incluíram, em seus pacotes, diminuição de juros do financiamento de carros.
Nesta sexta-feira (11), a Caixa Econômica Federal começa a oferecer juros mais baixos para quem financiar veículos na instituição. A taxa máxima cobrada nessa linha de financiamento, que era de 1,55% ao mês, caiu para 1,26%. A mínima permanece em 0,89% ao mês.
Considerando-se só o financiamento de carro, esse foi o terceiro corte feito recentemente pela Caixa. Em 9 de abril, o banco tinha cortado a taxa mínima para 0,98% ao mês. No dia 24 do mesmo mês, cortou para 0,89%. Agora, reduziu apenas a taxa máxima.
O Banco do Brasil também já promoveu dois cortes nos juros do financiamento de veículos em um mês. Em 4 de abril, o banco reduziu a taxa mínima para 0,99% ao mês. No dia 19 do mesmo mês, a taxa mínima caiu para 0,95% ao mês.
Além do Banco do Brasil e da Caixa, Bradesco, HSBC e Itaú também reduziram os juros do financiamento de carro nas últimas semanas. O Santander não cortou os juros do financiamento de veículos, mas fez reduções no cheque especial.
Taxas menores não valem para todos
As reduções feitas pelos bancos, porém, não valem para todos os consumidores. No caso da Caixa, o corte que começa a valer nesta sexta só é para quem financiar, no máximo, 70% do valor do veículo. Ou seja: para quem der uma entrada de pelo menos 30%.
O benefício também só vale se o cliente se encaixar em alguns perfis. Ele precisa estar em uma das situações seguintes: possuir conta corrente no banco há pelo menos três meses, ter financiamento de imóvel na Caixa, ter conta-salário no banco há pelo menos três meses ou ser funcionário público e abrir conta corrente na instituição.
No caso do Banco do Brasil, para ter acesso à taxa mínima do financiamento de veículos (0,95%), é preciso aderir a um pacote de serviços chamado de "Bom pra todos", e dar uma entrada de mais de 50% do valor do veículo.
No Bradesco, é preciso dar entrada de pelo menos 40% do valor do carro. O prazo de financiamento é de até 12 meses e a taxa cobrada parte de 0,97% ao mês.
"Essas reduções são uma grande enganação. Elas só privilegiam as classes A e B", diz o economista Ayrton Fontes, especializado em varejo automotivo. "E consumidores com renda mais alta já conseguem ter acesso a taxas mais baixas porque têm outros produtos do banco, como seguros de vida e aplicações financeiras."