Construtoras brasileiras têm legado de grandes obras em outros países

Companhias participaram da construção da hidrelétrica das Três Gargantas (China) e expansão do aeroporto de Miami (EUA).

Construtoras brasileiras têm legado de grandes obras em outros países | Reprodução
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Construtoras brasileiras têm um histórico de grandes obras no exterior. A maior parte das construções estão em países latino-americanos, pela proximidade. Há também obras nos Estados Unidos e países africanos. Os brasileiros têm uma expertise muito requisitada lá fora: construção de hidroelétricas. A Odebrecht trabalhou na Hidrelétrica Manduriacu, no Equador. A Andrade Gutierrez, na barragem de Moamba Major, em Moçambique. Brasileiras também atuaram nas hidroelétricas de Chaglla (Peru) e Cambambe (Angola). 

A maior usina do mundo, Três Gargantas, no Rio Yang Tsé, na China, teve participação relevante de consultores brasileiros durante sua construção, que começou no final da década de 90. 

Construtoras brasileiras têm legado de grandes obras em outros países

É comum especialistas brasileiros que visitam Três Gargantas ouvirem agradecimento dos anfitriões chineses por essa colaboração, mesmo que as pessoas não tenham tido qualquer relação com a obra. 

 No Equador, a Andrade Gutierrez participou do projeto de irrigação Tabacundo, de 1999 a 2002. 

A OEC (ex-Odebrecht) trabalhou no estádio Florida International University e na expansão do aeroporto e porto de Miami, ambos nos Estados Unidos. Desde 1991, quando a empresa fez o 1º projeto –o metrô de superfície de Miami–, a construtora realizou 70 obras. Metade está na Flórida. Do outro lado do Atlântico, a empresa construiu uma estação e um túnel com 526 metros no Metrô de Lisboa, em Portugal. 

Durante os governos petistas (2003-2016), houve incentivo à exportação de serviços de engenharia para países africanos. Um dos motivos foi diretriz política de ampliar negócios com nações em processo de desenvolvimento. Também pesou a proximidade linguística: Angola e Moçambique contrataram dezenas de projetos nos últimos anos. Ambos falam português.

Muitos desses projetos foram financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A avaliação do banco, na época em que essas obras tiveram maior intensidade, era de que exportação de infraestrutura impulsionaria a abertura de empregos no Brasil, seja por meio de maior demanda por parte da indústria nacional até contratos de serviços de alto valor agregado por parte das empreiteiras. Dentro dos projetos, havia um percentual de conteúdo nacional a ser cumprido.

Depois da Lava Jato, as empreiteiras enfrentam maior dificuldade para exportar os serviços. Uma das razões é que o BNDES restringiu o financiamento. Além disso, a crise decorrente da operação resultou em um enfraquecimento das empresas, com perda de mão de obra e maior endividamento. Depois, a crise de imagem dificultou a continuidade e abertura de novos negócios.

Além disso, diversas obras que tinham financiamento do BNDES foram canceladas, seja por investigações contra a corrupção ou problemas na elaboração de projetos, como a construção da linha Metrô de Caracas.

As prestações que deixaram de ser pagas pelos países que contrataram as obras foram ressarcidas pelo Tesouro Nacional ao BNDES.  

Há controvérsias sobre o prejuízo e o ganho com essas operações. Especialistas argumentam que as perdas, de cerca de 10% do total financiado, são inferiores ao que seria gasto com um seguro para a obra. ...

O BNDES investe pouco na área. A exportação de bens e serviços de engenharia representou, de 2003 a 2018, apenas 1,3% do total emprestado pelo banco. Esse declínio coincide com a perda de participação do Brasil na exportação de serviços de engenharia. ...

Eis alguns destaques sobre o financiamento por parte do BNDES: 

  • US$ 10,5 bilhões – foram emprestados pelo banco de 1998 até junho de 2019;
  •  15 países impactados – Angola, Argentina, Venezuela, República Dominicana, Equador e Cuba fizeram os maiores contratos;
  •  empreiteiras líderes – Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS;
  •  prazo para pagamento – média 11 anos e 2 meses;...
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