O consumo dos brasileiros mais pobres, com renda entre R$ 1.020 a R$ 2.550, chegará a ser o dobro das famílias mais ricas, que ganham acima de R$ 5.100, até 2012, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (2) pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de São Paulo). Os mais pobres responderão com 8% do consumo enquanto os ricos representarão apenas 4% do total. Os analistas apontam que essas classes foram as mais beneficiadas com os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e programas de financiamentos, como o Minha Casa, Minha Vida, voltado ao setor da habitação. Com isso, aumentou o acesso dos brasileiros de classe média baixa ao crédito, o que impulsionou o consumo mais entre esse grupo do que nas classes mais ricas. Somente no ano passado, as classes sociais C, D e E consumiram R$ 864 bilhões, equivalendo a 78% do volume gasto pelos mais ricos (R$ 1,10 trilhão). Um dos motivos dessa mudança é que os brasileiros devem começar a gastar mais com itens ligados a habitação, ou seja, na realização do sonho da casa própria por meio de financiamentos, do que com alimentação. Atualmente, as famílias com renda de R$ 1.020 a R$ 2.550 são as que mais gastam com alimentos. Elas consomem R$ 4,4 bilhões no setor ao passo que os brasileiros ricos, com renda acima de R$ 15.300, gastam R$ 2,28 bilhões. A mudança no perfil do consumo, esperada para os próximos anos, já mostra uma maior qualificação da classe média, segundo Fábio Pina, economista da Fecomercio. - Certamente, nos próximos anos, o consumo de alimentos vai representar cada vez uma parcela menor do orçamento das famílias, enquanto itens de habitação tendem a ganhar espaço. Essas mudanças serão mais evidentes entre as famílias das classes C, D e E. O crescimento no consumo dos brasileiros poderá trazer um rombo maior nas contas correntes do governo, à medida que os investimentos públicos e as despesas também se tornarão maiores com o aumento da população, segundo o economista. Neste ano, as contas correntes (saldo das contas públicas brasileiras) podem fechar com um rombo de mais de R$ 90 bilhões (US$ 50 bilhões). Se o crescimento nos gastos e na população continuar, a partir de 2013 o valor poderá chegar a R$ 540 bilhões (US$ 300 bilhões), ou 6% do PIB. - Entre 2010 e 2020, portanto, ou o consumo do governo se reduz, ou o investimento cai ou o consumo das famílias cai ou uma combinação desses fatores vai ter que ocorrer por restrições matemáticas. Outro efeito, ainda mais nefasto, seria o aumento da inflação, que corrigiria essas distorções. Para garantir a sustentabilidade do crescimento tanto da renda dos brasileiros como das contas do país, a Fecomercio aponta um ajuste fiscal, com uma “redução sensível e melhoria dos gastos públicos”.
Consumo dos brasileiros mais pobres será o dobro dos ricos até 2012
Pesquisa da Fecomercio aponta que a classe média baixa será o foco do sistema financeiro
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