Apesar de voltar a crescer em setembro, as vendas do comércio mostram "um nítido processo de desaceleração", provocado pelo crédito mais escasso e caro e pela elevação da taxa dos juros encerrada em agosto, avalia Nilo Lopes de Macedo, economista do IBGE.
Para o técnico, há três meses o varejo sinaliza uma "tendência mais clara" de perda de ritmo. "Parece que somente nesse período pudemos notar os efeitos da alta dos juros lá atrás", disse.
As vendas do varejo cresceram 1,2% em julho. Depois, caíram 0,4% em agosto. Em setembro, retomaram o crescimento, com alta de 0,6%. Tais desempenhos foram sempre comparados com os meses imediatamente anteriores.
De janeiro a setembro, porém, o comércio acumula expansão de 7%, num ritmo inferior ao registrado em 2010 (10,9%).
Além dos juros mais elevados e do crédito mais restrito, Macedo cita ainda a valorização do dólar e a inflação mais elevada em 2011 como fatores que inibem as vendas do varejo neste ano.
Em setembro, os setores com os piores resultados foram os de combustíveis (-1,1% ante agosto), equipamentos de informática (-5%) e artigos farmacêuticos (-2,5%). No caso dos combustíveis, diz Macedo, as vendas dos postos estão em retração por conta dos preços mais elevados principalmente do etanol, o que levou a uma redução do consumo.
Já informática e farmacêutica sofrem com o câmbio, já que boa parte dos equipamentos, insumos e matérias-primas desses setores são importados e ficaram mais caros diante da alta do dólar.
Na outra ponta, o destaque positivo ficou com móveis e eletrodomésticos _alta de 1,6% de agosto para setembro. Para Macedo, o ramo se beneficia de "um consumo reprimido das classes mais baixas que ascenderam à classe C" e procuram trocar ou ter acesso a geladeiras, fogões, máquinas de lavar e outras utilidades para o lar.