A crise econômica por que passam Europa e Estados Unidos gera reflexos não apenas no balanço de empresas e governos, mas também na organização das famílias. Segundo a pesquisa The Future Family (O Futuro da Família, em inglês), da consultoria LifeStyle News Network, as famílias americanas e europeias estão se tornando multigeracionais, ou seja, passaram a contar com até quatro gerações dentro de uma mesma casa.
O fenômeno é resultado de pessoas idosas que passam a morar com os filhos novamente, e os netos, que trocaram a pressa em sair da casa dos pais pelo conforto de adiarem a independência. De acordo com Paulo Al-Assal, diretor-geral da Voltage, parceira brasileira da empresa responsável pela pesquisa, a crise econômica gera maiores dificuldades para as pessoas constituírem novas famílias e saírem de casa, favorecendo famílias maiores para morar em conjunto.
Além disso, o momento favorece a uma maior reflexão das pessoas sobre o modo de se organizarem como indivíduos e a relação com seus semelhantes. Esse repensar, segundo ele, resgatou a importância da família. "Seu porto seguro é a sua família. Por conta da crise, as pessoas começaram a pensar o que é importante para elas: a importância psicológica do apoio da família", explica Al-Assal. No Brasil, ao contrário, o momento é de aquecimento econômico, o que colabora para que as pessoas, sobretudo os mais jovens queiram sair de casa. Assim, há uma diminuição no tamanho das famílias.
A pesquisa cita o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra um aumento de 8,6% para 12,1% no número de brasileiros que passaram a morar sozinhos no País em dez anos. Segundo Al-Assal, esse movimento agrava o problema do mercado imobiliário, que tem ainda mais dificuldade de dar conta da crescente demanda de novas residências, causando alta nos preços.