O Brasil ganhou oito posições no ranking anual de competitividade do Fórum Econômico Mundial e chegou ao 56º lugar em 2009, segundo relatório divulgado nesta terça-feira em parceria com a Fundação Dom Cabral no Brasil.
A lista ainda ganhou um novo líder, a Suíça --os Estados Unidos foram superados por conta dos problemas gerados pela crise financeira. O estudo analisa as condições que os países oferecem para que as empresas neles instaladas consigam competir internacionalmente, a partir de 12 itens, entre eles segurança institucional, infraestrutura, estabilidade macroeconômica, saúde, educação, mercado de trabalho e sistema financeiro.
Apesar de o Brasil ser destaque no relatório, citado como um dos países que melhor sairão da atual crise econômica global, uma série de pontos fracos ainda persiste, segundo o organismo, em especial no que tange a confiança na classe política, a dificuldade em avançar em reformas estruturais e na má qualidade da educação. De acordo com o relatório, o Brasil "continuou sua impressionante evolução positiva no ranking", lembrando que no ano passado o país já havia subido oito posições na lista, "ultrapassando a Rússia pela primeira vez e reduzindo a distância competitiva com China e Índia no contexto dos Brics [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China]."
A China está em 29º, enquanto a Índia ocupa a 49ª colocação e a Rússia, a 63ª. "Os importantes passos dados desde a década de 1990 sobre a sustentabilidade fiscal, assim como as medidas tomadas para liberar e abrir a economia tem ajudado significativamente os fundamentos competitivos do país, provendo um melhor ambiente para o desenvolvimento do setor privado", aponta o documento na parte em que fala sobre o Brasil. Entre os três subíndices, o Brasil teve o melhor desempenho em Fatores de Inovação, onde ficou em 38º, seguido por Potencializadores de Eficiência (42º) e Requerimentos Básicos (91º).
Os fatores que mais ajudaram o país a subir no ranking foram os itens Estabilidade Macroeconômica (ganho de 13 posições, para 109º), Sofisticação do Mercado Financeiro (ganho de 13 posições, para 51º) e a Eficiência do Mercado de Trabalho (ganho de 11 posições, para 80º). Para o professor Carlos Arruda, da FDC (Fundação Dom Cabral), responsável pela compilação dos dados para o ranking no Brasil, o país se destacou porque manteve a evolução enquanto os demais perdiam competitividade por causa da crise.
"E o destaque não é só pelo crescimento, como também pelo potencial que o país possui de sair da crise melhor do que estava", explicou, lembrando que, na análise feita pelo Fórum Econômico Mundial nas 25 maiores economias do mundo, o Brasil foi considerado o que melhor vai sair da crise. Política atrapalha desempenho Ainda assim, o relatório critica o fraco desempenho do Brasil em alguns itens. "O ambiente institucional (93º), a estabilidade macroeconômica (109º) e a eficiência de produção (99º) e do mercado de trabalho (80º) continuam a ser mal avaliados, mesmo com melhoras nos últimos anos. Além disso, apesar do maior foco do governo, o sistema educacional em todos os níveis (...) precisa de uma séria melhora, e um esforço especial deve ser feito para reduzir os níveis de abandono escolar e as disparidades regionais na qualidade do ensino." Um dos pontos onde o país ficou pior avaliado foi na confiança da população nos políticos locais, um dos quesitos que formam o índice relativo às Instituições --item onde o Brasil ficou em 93º.
Na confiança na classe política, o país teve a 127ª colocação --ou seja, apenas em seis países o povo confia menos em seus políticos. No ano passado, o Brasil teve a 122ª posição neste quesito. "Há uma diferença entre a situação da educação e da política. Na educação sou menos pessimista, já que temos um plano em andamento, mas que demorará uma geração para dar certo", disse Arruda. Suíça lidera No topo do ranking, o destaque é a mudança no primeiro lugar. Os Estados Unidos, que normalmente fica na primeira colocação, desta vez perdeu a liderança para a Suíça. "A Suíça se manteve estável durante a crise, o que não ocorreu com os Estados Unidos.
Os americanos soluçaram em dois itens, o de estabilidade macroeconômica e na sofisticação do setor financeiro", disse Arruda. O último item foi seriamente afetado pela crise financeira global, que se iniciou naquele país e se agravou com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro do ano passado. "Talvez, se os americanos não tivessem deixado o Lehman quebrar, estariam em situação melhor agora", analisou Arruda. "O Brasil, neste ponto, foi mais rédea curta."
Veja o ranking dos dez primeiros colocados
1. Suíça
2. EUA
3. Cingapura
4. Suécia
5. Dinamarca
6. Finlândia
7. Alemanha
8. Japão
9. Canadá
10. Holanda